São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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Time masculino bate Rússia e obtém o título importante que lhe faltava

Em jogo épico, Brasil é campeão mundial

Miguel Rojo/France Presse
O capitão Nalbert (à frente) e o ponta Giba comemoram ponto decisivo na vitória que deu ao Brasil o título do Mundial de vôlei


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A consagração de um esporte, de um técnico e de uma geração.
A conquista do título do Mundial da Argentina, ontem, deu ao vôlei masculino do país o único título que faltava para completar a tríade de competições mais importantes do esporte -o Brasil já conquistara as Ligas de 1993 e 2001 e a medalha de ouro nos Jogos de Barcelona-1992.
E também coroou o trabalho de renovação iniciado há menos de dois anos pelo técnico Bernardo Rezende, o Bernardinho.
A conquista brasileira acontece exatos 20 nos depois do segundo lugar, na mesma Argentina, que deu início ao "boom" do vôlei nacional com aquela que se consagraria como a geração de prata.
O sucesso daquele time culminou com o desenvolvimento do esporte no país, o ouro olímpico em Barcelona-1992, e, exatos dez anos depois, o inédito Mundial.
A vitória dos brasileiros sobre a Rússia ontem, num dramático 3 a 2, foi um espelho da história escrita pela equipe durante o Mundial: início ruim, aposta nos reservas e recuperação impressionante.
A seleção iniciou sua preparação ainda abalada com a derrota para os russos na final da Liga Mundial, há cerca de dois meses.
As três semanas seguintes ao vice-campeonato seriam utilizadas para que os jogadores readquirissem a força física e para dar ritmo de jogo à equipe nacional.
Mas, há cerca de duas semanas da estréia na Argentina, quatro titulares sofreram contusões -Giba, Maurício, Nalbert e Henrique.
Os problemas na reta final da preparação fizeram a seleção desembarcar em Córdoba, palco da primeira fase, sem ritmo de jogo e abalada psicologicamente.
Após uma estréia tranquila diante da Venezuela, a equipe tropeçou nos americanos e perdeu o primeiro lugar do grupo.
A vitória sobre o fraco Egito, em seguida, assegurou a vaga na fase seguinte, mas não serviu de consolo. A recuperação viria após dois dias de treinos, muita conversa e um pacto pelo título feito entre todos os jogadores.
Atuações impecáveis diante de República Tcheca, França e Holanda devolveram à seleção a motivação e a concentração ausentes na primeira fase e cobradas à exaustão por Bernardinho.
Na quartas-de-final, o Brasil passou por seu mais tenso e difícil teste: derrotou a tricampeã mundial Itália por 3 sets a 2. Em seguida, assegurou a vaga na final ao superar, por 3 sets a 1, a atual campeã olímpica, a Iugoslávia.
E ontem, a seleção derrotou o último campeão da tríade de competições mais importantes do vôlei mundial, a Rússia, seu algoz na Liga Mundial deste ano.
Com o título na Argentina, os brasileiros igualaram o feito obtido em 1994, quando dois esportes de massa do país venceram Mundiais -a seleção masculina de futebol, na Copa dos EUA, e a feminina de basquete, na Austrália.
A medalha de ouro também é, disparado, o melhor resultado dos chamados esportes amadores de massa do Brasil. Nos Mundiais disputados neste ano, o vôlei e o basquete femininos ficaram em sétimo, e o basquete masculino amargou a oitava colocação.


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