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Dunga é o calouro das eliminatórias
Aos 43, capitão do tetra é mais novo e menos rodado que os treinadores dos adversários mais tradicionais do Brasil
Técnico faz força para deixar de lado a irritação na Copa
América, cita fator positivo na pressão do qualificatório
e rechaça protagonismo
DO ENVIADO A BOGOTÁ
Ele estréia hoje como treinador em eliminatórias numa
edição em que não faltam velhas raposas no torneio.
Dunga, 43, é um estranho no
ninho no perfil da maioria dos
dez treinadores sul-americanos. Isso a começar pelo comandante do maior rival.
O argentino Alfio Basile tem
20 anos a mais que o brasileiro
e uma Copa do Mundo no currículo. Suportou o maior vexame de seu país na história dos
qualificatórios -uma derrota
por 5 a 0 diante da Colômbia
em Buenos Aires, no classificatório para o Mundial de 1994.
Mais rodado ainda em eliminatórias é o também argentino
Marcelo Bielsa, 52, que dirige o
Chile. Ainda dirigindo a seleção
de seu país, foi o melhor no
classificatório para 2002 e comandou a equipe em boa parte
da edição para o Mundial do
ano passado, na Alemanha.
O uruguaio Oscar Tabárez,
60, classificou seu país para a
Copa-90. Depois rodou a Europa (chegou a comandar até o
Milan). Agora tenta reerguer a
combalida seleção uruguaia.
Além da experiência dos rivais, Dunga tem como desafio a
competição que mais riscos
oferece aos comandantes da seleção. Três nomes bem mais
ilustres como técnicos perderam o emprego durante a disputa de qualificatórios.
Um deles, Oswaldo Brandão,
foi dispensado justamente depois de decepcionar em um
empate contra os colombianos
-no classificatório para a Copa
de 1978. Outros que não suportaram a pressão das eliminatórias foram Vanderlei Luxemburgo e Emerson Leão.
Dunga se diz pronto para o
desafio. E, durante a semana,
não repetiu, à exceção de anteontem, quando foi provocado
por um humorista, o jeito irritado de outras épocas, especialmente na disputa da Copa da
América da Venezuela.
Fez de tudo para fugir das polêmicas. Não quis rebater seu
antecessor, Carlos Alberto Parreira, que criticou os atuais
centroavantes da seleção e sugeriu o retorno de Ronaldo.
"Tenho que falar dos jogadores que estão aqui, em atividade", respondeu o técnico, que
também não mostrou preocupação com provocações dos adversários sul-americanos.
"Cada país usa suas armas
para conseguir os resultados,
mas dentro da lei. Temos que
superar essas dificuldades",
disse Dunga, que também não
quer para si o papel de grande
protagonista da seleção.
Ele até vê benefícios na pressão que as eliminatórias podem
trazer para seus comandados.
"Quando as coisas estão muito
tranqüilas, o ambiente fica
mais relaxado. Quando está
mais conturbado, os jogadores
dão um algo a mais", raciocina
Dunga, que estréia nas eliminatórias depois de 20 jogos no comando da equipe. Foram 14 vitórias, 4 empates e 2 derrotas.
Além do duelo com a Colômbia, o treinador e sua equipe fazem três jogos pelas eliminatórias ainda em 2007 -Equador,
na quarta, e Peru e Uruguai, no
próximo mês.
(PAULO COBOS)
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