São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2008

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doce lar

CBF, Fla e Flu "privatizam" Maracanã

Protocolo assinado com empresa inglesa que reconstruiu Wembley é montado para vencer licitação do governo do Rio

Gestão privada do estádio terá a garantia de abrigar os jogos e lojas dos maiores clubes cariocas e de metade dos confrontos da seleção


PAULO VINÍCIUS COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

É um "até logo". Amanhã, Brasil x Colômbia, pelas eliminatórias, marcará a despedida da seleção do Maracanã por um bom tempo, talvez dois anos. Mas, quando o estádio, reformado e privatizado, voltar a receber a equipe nacional, será com muita freqüência: 50% das partidas realizadas no país.
O compromisso está firmado no protocolo de intenções assinado pelos presidentes de CBF, Flamengo, Fluminense e ISG -International Stadia Group, braço do conglomerado inglês IMG, responsável pela reconstrução do estádio de Wembley.
A montagem do consórcio já está sacramentada e só se aguarda a publicação do edital de concorrência, prevista para novembro, para formalizar o acordo. Pelo projeto, a gestora do Maracanã será a empresa inglesa, que terá os dois clubes e a CBF como parceiros na proposta para ganhar a concessão.
"A publicação acontecerá após as eleições. A IMG será a gestora. O Flamengo, o Fluminense e a seleção são o conteúdo do projeto de privatização ou concessão", diz o presidente do Flamengo, Márcio Braga.
Há dois anos, o governo do Estado do Rio produziu um estudo de viabilização econômica do Maracanã. Concluiu que o Flamengo é responsável por 70% do dinheiro que circula no estádio e procurou o clube.
A partir daí, montou-se o consórcio, com a IMG mostrando-se interessada na reforma e administração do estádio.
As bases do acordo já estão definidas. Flamengo e Fluminense jogarão e colocarão seus produtos à venda no estádio. Serão remunerados por cotas variáveis, de acordo com a arrecadação. A CBF terá direito a uma fatia fixa dos lucros da administração, e a Odebrecht está definida como a construtora.
Já se sabe que o estádio passará por uma reforma que pode durar até dois anos e que necessariamente deve estar concluída em junho de 2012, em razão da Copa do Mundo de 2014.
Por isso, o técnico Dunga, desde domingo, vem falando do jogo de amanhã em tom de adeus. "Queremos apagar aquela imagem da última partida e deixar uma boa impressão aos torcedores nesta despedida do Rio", disse Dunga, referindo-se ao público fraco e à péssima apresentação da seleção contra a Bolívia, em setembro.
Outras empresas podem se credenciar. O ponto é como concorrer com um consórcio montado há dois anos e que já realizou todos os estudos em conjunto com o governo do Rio.
"Somos imbatíveis, porque temos a força do Flamengo, responsável por 70% do dinheiro do Maracanã, o Fluminense e a seleção", diz Márcio Braga.
Em toda a sua história, a seleção disputou 835 partidas oficiais. O jogo de amanhã será o de número 104 no estádio, ou 12%. Na gestão Ricardo Teixeira, um dos responsáveis pelo acordo, o Brasil fez 325 partidas. Só 11 no Maracanã, ou 3%.


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