São Paulo, terça-feira, 14 de outubro de 2008

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Ex-atacante no Brasil, governador preso por Morales torce da cadeia

Arquivo Pessoal
Fernández (2º da esq. para dir.) e colegas do Cobija F.C., time de sua cidade natal, em 1971

GUSTAVO ALVES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É de uma cadeia em La Paz, cidade onde se enfrentam hoje Bolívia e Uruguai, que Leopoldo Fernández, governador do departamento boliviano de Pando, vai assistir ao jogo.
Ele ganhou notoriedade em setembro depois de ser preso e acusado pela morte de 16 pessoas, num levante contra o presidente Evo Morales.
Ontem, Fernández contou à Folha, pelo celular de sua mulher, que iria assistir à partida pela TV. "Mas não tenho muita esperança na seleção. Eles não jogam com o coração, como faz o Brasil."
O boliviano fala de futebol, e do país vizinho, com conhecimento de causa.
No Brasil de 1974, ele era o camisa 9 do Rio Branco, do Acre. Neto de portugueses e brasileiros, fez mais de dez gols em 15 jogos pelo clube.
Destro, aproximadamente 1,90 m e porte físico avantajado, bom nas jogadas aéreas e decisivo. Essas eram as principais características do centroavante Leo, aos 22 anos.
Hoje, aos 56, o governador está numa cadeia comum.
"Na Bolívia não existem cadeias especiais para quem tem curso superior", explica Loren Fernandez, irmão caçula de Leopoldo.
A passagem do boliviano pelo futebol brasileiro começou no Independência, também do Acre, no início da década de 70. Ficou no clube apenas dois meses. Logo foi convidado para defender o Bolívar, da Bolívia.
Voltou ao Brasil dois anos depois, por intermédio do amigo de infância Illimani Suares, então goleiro do Rio Branco, para defender o time da capital acreana.
"Com ele no ataque fomos campeões do torneio de preparação para o Estadual", conta Suares.
O ex-goleiro, hoje delegado na cidade, jogou durante 20 anos no time e é só elogios ao amigo artilheiro. "Ele tinha uma explosão muito boa e sempre levava vantagem no corpo a corpo". Por jogar com muita força e ter pouca habilidade, cometia muitas faltas. "Mas nunca foi violento. Não levou cartão vermelho enquanto jogou aqui", diz.
Os dois moraram juntos no tempo em que defenderam o clube. A "casa" era o alojamento para atletas que o Rio Branco mantinha.
Leo encerrou a vida de atleta após seis meses no Brasil, convidado a seguir carreira política na Bolívia. Foi senador, ministro e governador. Hoje, será só um torcedor.

NA TV - Bolívia x Uruguai
Sportv, às 17h



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