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Venezuelanos vêem agressividade
SILVIO NAVARRO
DA FOLHA ONLINE
Quebrar o tabu de nunca na história ter vencido o Brasil e impedir a primeira participação da seleção rival num Mundial não fazem parte do objetivo da Venezuela, pelo menos hoje.
Satisfeita e orgulhosa com o time, a Federação Venezuelana de
Futebol distribuiu um guia de São
Luís a sua delegação, formada por
cerca de 80 pessoas.
Mas, antes mesmo das informações sobre praias da capital maranhense, a cartilha adverte sobre a
"agressividade" dos brasileiros.
"Aviso importante: a delegação
viaja em caráter esportivo de alta
competência, em um momento
em que a necessidade de classificação do Brasil é de vida ou morte. Tomemos precauções para
não cairmos nas provocações,
não nos deixarmos levar pelo caráter alegre e gozador dos brasileiros; isso não é sinal de despreocupação. A possibilidade real de
uma eliminação os deixa extremamente agressivos", diz o guia.
A seleção visitante chegou a São
Luís na sexta-feira. Além da aclimatação, o roteiro cultural deixa
claro a importância do lazer. No
sábado, os venezuelanos aproveitaram para conhecer a orla.
Vindo de quatro vitórias seguidas, a Venezuela chegou ao Brasil
esquecida da aura de derrotada
que sempre a acompanhou.
Nas entrevistas, os venezuelanos dizem que hoje são iguais ao
Brasil. Comemoram o fato de não
terem que engolir gozação. Estão
sendo respeitados pelos maranhenses, juram. Prometem partir
para o ataque hoje e conquistar o
quinto resultado positivo.
A explicação para a mudança de
comportamento, segundo atletas
e comissão técnica, é a descoberta
de uma identidade futebolística.
"A chave [para a reviravolta" é
querer jogar futebol. Antes só
pensávamos em nos defender, entrávamos com medo", diz o técnico Richard Páez.
O time, que só havia somado
três pontos, sem nenhuma vitória, no primeiro turno, já tem 16.
No segundo turno, tem uma campanha superior à do Brasil e estaria classificado à Copa se só esta
fase fosse levada em conta -os
brasileiros estariam fora.
"A técnica do venezuelano sempre existiu, mas ninguém acreditava", interpreta o auxiliar Raymond Páez, irmão de Richard.
Pela primeira vez na história, a
comissão técnica da seleção é
composta só de venezuelanos.
"Conhecemos as habilidades dos
atletas de cada região, coisa que
jamais existiu", disse Raymond.
Embora a Venezuela esteja longe de ser o país do futebol -é
apenas o terceiro esporte mais popular, atrás de beisebol e basquete-, somente 6 dos 21 convocados atuam no exterior.
Os jogadores comemoram a
"descoberta" de seu próprio potencial. "Agora temos auto-estima. Somos iguais a Brasil, Argentina, Colômbia. Se o Equador está
na Copa, por que nós não podemos ir?", declara o capitão Vera.
Segundo ele, além do aspecto
psicológico, o esquema "em bloco, com as três linhas [defesa,
meio-campo e ataque" sólidas"
alavancou o time.
Hoje, o time terá os desfalques
do goleiro Angelucci, que contundiu-se contra o Paraguai, e do zagueiro Alvarado, que está suspenso. O jogador mais habilidoso do
time é o meia Urdaneta, que defende o Luzerna, da Suíça.
Mas a maior esperança de gols
está nos pés do atacante Morán,
artilheiro da equipe nas eliminatórias, com quatro gols.
Colaboraram Fábio Victor, José
Alberto Bombig e Sérgio Rangel,
enviados especiais a São Luís
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