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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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No início, Robinho é mais algoz corintiano que Pelé


Atacante ostenta 100% de aproveitamento nos primeiros jogos contra o Corinthians, marca não alcançada pelo "Rei", e repetirá o maior ídolo santista ao enfrentar rival com a seleção


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Este menino me fez voltar ao início da carreira."
Pelé afirmou isso sobre Robinho em 1999, ao vê-lo treinar no Santos. Seu palpite otimista foi tão acertado que, feita a comparação do início da carreira dos dois santistas nos confrontos com o Corinthians, o "Rei" foi superado.
Maior algoz corintiano de todos os tempos (50 gols em 50 jogos), Pelé, 63, sofreu em suas primeiras partidas diante do clube do Parque São Jorge. Robinho, 19, ao contrário, alcançou o estrelato exatamente nos primeiros duelos contra o clube paulistano.
Amanhã, curiosamente, o atual ídolo santista repetirá Pelé e enfrentará o time corintiano com a camisa da seleção brasileira.
Antes de encarar o rival em um histórico jogo no dia 21 de maio de 1958, no qual vestiu o uniforme do Brasil, Pelé havia enfrentado o Corinthians seis vezes pelo Santos. Ganhou duas partidas, empatou duas e perdeu as outras duas, segundo o historiador santista Francisco Mendes Fernandes.
Robinho foi relacionado profissionalmente seis vezes para pegar o Corinthians. Em todos esses jogos, o Santos saiu vitorioso -no primeiro, Robinho não atuou.
Apesar do retrospecto equilibrado diante do Corinthians no início da carreira, Pelé sofreu uma série de dissabores perante o rival antes da Copa do Mundo de 1958.
Na segunda partida contra os corintianos, amargou a reserva. Na quarta, viu o Corinthians sair com um valoroso troféu (na época). No quinto duelo, foi expulso.
No sétimo jogo, justamente aquele em que atuou pela seleção, Pelé até lançou uma maldição sobre o Corinthians. No amistoso que serviu de preparação para o Mundial da Suécia, o camisa 10 do Santos foi duramente atingido pelo zagueiro corintiano Ari Clemente e perdeu, por contusão, o começo de sua primeira Copa.
O Brasil goleou o Corinthians por 5 a 0, sem gols de Pelé, que teria jurado que o rival não seria campeão enquanto ele jogasse -o time só saiu da fila no Paulista em 1977, cerca de duas semanas após Pelé encerrar a carreira.
A história de Robinho com o Corinthians, mais do que mostrar o aproveitamento de 100% de vitórias -no empate por 1 a 1 no primeiro turno do Brasileiro-2003, o atacante estava servindo a seleção sub-23 na Copa Ouro-, já o credencia como um dos maiores algozes corintianos.
A imagem do santista "pedalando" para cima do lateral-direito Rogério na final do Brasileiro passado rodou o mundo. Ele foi decisivo para o Santos se tornar em 2002 o time que mais bateu o Corinthians em uma temporada (foram cinco jogos e cinco vitórias).
No último jogo do Nacional, Robinho fez um gol de pênalti. E, mesmo sem ter grande vocação artilheira, voltou a marcar no Corinthians no último dia 2, na partida em que o Santos venceu por 3 a 1 -ele fez o belo gol que deu início à virada do time da Vila Belmiro. "Sempre me dou bem contra o Corinthians. Espero que isso continue por muito tempo", diz Robinho, cujo pai é corintiano.
Amanhã, ele comandará a seleção brasileira sub-23 perante o rival, pois o time do técnico Ricardo Gomes não poderá contar com Kaká e Diego, parceiros que estão servindo a seleção principal.
Os jogadores corintianos tratam Robinho com respeito, inclusive Rogério, maior vítima das pedaladas. "Eu nunca quebraria um jogador, mas outros quebrariam o Robinho. Sei porque me falaram que quebrariam", disse, à rádio Bandeirantes, Rogério, que tem atuado como volante.
Betão, jovem zagueiro corintiano que pode substituir Marquinhos, contundido, diz que é um estímulo encarar o santista. "É melhor enfrentar um atleta assim [que se dá bem contra o Corinthians]. A gente fica mais estimulado para brecá-lo. Sou admirador do Robinho. O Brasil precisa de jogadores como ele, imprevisíveis. Nada melhor que enfrentar um top de linha para aparecer."

Colaborou Ricardo Perrone, da Reportagem Local

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