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generosidade
Corinthians abre bolso com agentes
Nas intermediações de transações de jogadores, clube paga percentuais acima do mercado e repassa até 25% do total
Empresário Marcelo Djian ganha por contratação de Fabinho, do Toulouse, sem participar da negociação, segundo o próprio volante
Fernando Pilatos/ Gazeta Press
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O técnico do Corinthians, Mano Menezes, durante desembarque do tipo no aeroporto de Congonhas
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em aperto financeiro, o Corinthians pagou comissões a
empresários acima do percentual de mercado em transações
de jogadores, como mostram
dados do próprio clube obtidos
pela Folha. Em ao menos um
caso, o agente não fez nada, segundo o atleta contratado.
No total, quatro negociações
geraram pagamentos de R$ 1,6
milhão para empresários. O valor das transações gira em torno de R$ 9 milhões. Ou seja, as
intermediações representaram
quase 18% dos negócios.
O mercado do futebol costuma estabelecer como 10% a comissão usual dos empresários.
O Corinthians alega que a necessidade de fechar transações
-ou para reforçar o time ou o
caixa- o levou a pagar valores
acima disso em alguns casos.
O que mais chama a atenção
é a venda dos direitos do zagueiro Zelão para o Saturn, da
Rússia. A transação foi fechada
por US$ 1,8 milhão -entraram
R$ 2,988 milhões nos cofres do
time. O empresário israelense
Tzvi Kritzer, no entanto, ficou
com R$ 747 mil desse valor. Ou
seja, o agente embolsou um
quarto da negociação.
Segundo a diretoria corintiana, o clube informou ao empresário que aceitaria negociar o
zagueiro por US$ 1,4 milhão.
Kritzer foi à Rússia e obteve
oferta US$ 400 mil maior.
"Nós exigimos que o dinheiro todo entrasse no clube pelo
Banco Central. E, depois, repassamos os US$ 400 mil [ao
empresário]", disse o advogado
corintiano Luis Felipe Santoro,
que contou ainda que uma parte foi para o Bragantino, detentor dos direitos sobre o atleta.
"Não falo de dinheiro com
jornalistas. Contratos não deixam", disse Kritzer, que confirmou ter intermediado o negócio. "Se a versão do Corinthians
é essa, é isso", afirmou Fábio
Brito, sócio do israelense.
Bem remunerado, Kritzer
pelo menos mostrou Zelão aos
russos. Mais do que fez o empresário Marcelo Djian no caso
da contratação de Fabinho, de
acordo com o próprio jogador.
Não houve pagamento por
direitos (foi empréstimo do
Toulouse). Mesmo assim, o
agente ficou com R$ 135 mil,
por ser o empresário do volante, segundo o Corinthians.
"Negociei direto com o presidente [Andres Sanchez]", disse
Fabinho, negando participação
de Djian na sua liberação.
"Às vezes o time quer um jogador, mas precisa da ajuda do
empresário", defendeu Djian,
que disse ter recebido valor de
um salário do atleta.
O problema é que, pela legislação da Fifa, o cliente do agente -Fabinho- é quem deveria
pagá-lo. Se o Corinthians remunerá-lo, precisa de consentimento por escrito do atleta.
Sem acordo entre jogador e
agente, só deve ser dado 3% do
salário anual ao representante.
O pagamento a Djian foi cerca
de 10% desse total.
Fabinho era ex-atleta do clube e conhece os dirigentes. No
escritório de Djian, trabalhou
André Campoy, que era da divisão de base corintiana na gestão de Alberto Dualib, quando
Andres era da diretoria.
Outro agente de jogador que
lucrou no Corinthians foi Juan
Figer. A compra de parte dos
direitos de Acosta foi por R$
1,335 milhão. A MJF, empresa
do agente, recebeu R$ 248 mil.
Ou seja, 18,6% do total.
A diretoria nega ter pago
mais de 10%: baseia-se no salário do jogador, que é de R$ 125
mil. Neste caso, o valor anual é
de R$ 1,6 milhão -a comissão
ultrapassa um décimo disso.
Outro que ganhou alto foi
Franck Henouda, na transação
de Everton Santos. Com direito
a 50%, o clube recebeu R$ 3,1
milhões do Paris Saint-Germain e pagou R$ 500 mil para o
agente. "Ganhei 10%, recebi
com nota", disse Henouda.
O Corinthians disse que a comissão foi sobre o total (R$ 5
milhões). E que descontou parte da intermediação de repasse
ao detentor de outros 50%.
Enquanto distribuiu comissões, o Corinthians recorreu a
empréstimos do Clube dos 13,
de bancos e até da BWA (que
confecciona ingressos) para fechar suas contas.
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