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Olímpicos voltam no tempo nos Jogos Abertos do Interior
Acostumados a outro padrão, atletas encaram acomodações modestas e refeições em conjunto no evento em Piracicaba
Times de ponta, como a equipe feminina de vôlei
de São Caetano, comem
no refeitório, mas trocam alojamento oficial por hotel
GIULLIANA BIANCONI
ENVIADA ESPECIAL A PIRACICABA
A cama beliche encostada no
quadro-negro ocupa o lugar das
cadeiras escolares empilhadas
no canto da parede. Em um dos
colchões, o mesa-tenista Hugo
Hoyama espalha seus produtos
de higiene, além das lentes de
contato e do gel "extra seco" para os cabelos que ele não dispensa na hora de arrepiá-los.
Aos 39 anos e após cinco Jogos Olímpicos, Hoyama é um
dos 17.028 atletas que disputam a edição deste ano dos Jogos Abertos do Interior.
Mesmo veterano, ele prefere
dividir quarto do alojamento
reservado à delegação de São
Caetano a ir para um hotel.
"Já me acostumei ao esquema. Você termina sendo a referência para os que estão começando. Nesse torneio, eu sempre revivo o meu início", afirma
Hoyama, que diz não se incomodar nem mesmo em ter de
entrar na fila do banho. Só admite perder a paciência com os
mosquitos que insistem em lhe
atrapalhar o sono.
Salvas pelo ar-condicionado
de um hotel, Mari, Sheila e Fofão, campeãs olímpicas em Pequim que defendem a equipe de
São Caetano do Sul, não se irritam com mosquitos. "O que
realmente me aborrece aqui é o
assédio exagerado, descomedido, que chega a ser falta de respeito", diz a ponteira Mari.
Para sair do ginásio, anteontem, Mari e as companheiras tiveram de ser escoltadas por
três seguranças.
A tietagem, entretanto, não
acontece só fora da quadra.
Elas contam que é comum,
após os jogos, atletas de outras
equipes pedirem fotos e autógrafos. "Mas com elas é tranqüilo", destaca a oposto Sheila.
Entre os atletas, há novatos e
experientes. Por isso, situações
novas para a oposto Danielle,
19, do time do São Caetano, que
ainda joga torneios juvenis e estréia em Abertos, são corriqueiras para a levantadora Fofão.
"Pegar a bandeja para entrar
na fila do refeitório aqui me faz
lembrar meus 13 anos, quando
treinava no clube e almoçava
assim", diz Fofão, que justifica
a ida ao refeitório com o argumento de que é preciso se integrar, já que a equipe está distante da delegação, num hotel.
Para o bicampeão da Maratona de Nova York Marílson dos
Santos, ficar no alojamento e ir
ao refeitório é mais que integração. "Essa é a graça do evento", comenta o corredor.
Com agenda já lotada, Marílson obteve dispensa da equipe
de São Caetano e não competirá nesta edição dos Jogos, mas
deve estar em Piracicaba para
acompanhar a performance da
mulher, Juliana. "Se ficarmos
mesmo no alojamento, será divertido", diz ele, que acabou de
vir de dias de folga na Disney e
está acostumado a padrões reservados a atletas tops.
A saltadora Fabiana Murer e
os tenistas Ricardo Mello e Flávio Saretta não estiveram nos
parques de Orlando recentemente. Mas, com o fim da temporada de competições, também andaram curtindo férias.
Murer, que compete nos
Abertos desde a adolescência,
quando ainda praticava ginástica artística, dispensa a chance
de fazer uma grande marca na
competição. "Aqui é só para
ajudar a equipe e ir retomando
o ritmo, mas ainda assim é gostoso, depois de tanto tempo,
ainda participar desses jogos",
diz a campineira, que defende o
São Caetano por ter apoio da
equipe do município.
Acostumados ao glamour dos
torneios de tênis internacionais, Saretta e Mello encaram a
competição com um "torneio
de confraternização".
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