São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2008

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Novo Palmeiras produz menos

Quem já estava no clube faz mais gols e é mais disciplinado do que os indicados por Luxemburgo

Com carta-branca e dinheiro da Traffic, técnico escolheu 18 dos 29 jogadores, que foram responsáveis por 23 dos 51 tentos da equipe

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Com carta-branca para contratar e dinheiro farto da Traffic, Vanderlei Luxemburgo indicou 18 dos 29 jogadores do Palmeiras que entraram em campo neste Brasileiro.
Só que os escolhidos pelo treinador produzem menos e aprontam mais do que quem já estava no clube ou já contratado antes da chegada do treinador, o mais bem pago do país.
Os escolhidos por Luxemburgo somam juntos 274 partidas neste Brasileiro.
Nelas, acumularam 23 gols, Só 8 dos 18 (ou 44%), todos jogadores de linha, tiveram o gosto de balançar as redes.
Passaram em branco até mesmo atletas de ataque, como Jorge Preá e Thiago Cunha -Maicossuel, outra aposta do técnico, só fez marcou uma vez.
O pior de todos foi Lenny, que não conseguiu balançar as redes em nenhuma das 13 partidas em que atuou no Brasileiro, no qual o Palmeiras está na quarta posição, a quatro pontos do líder São Paulo.
Os 11 jogadores do elenco que jogaram no Brasileiro que não chegaram ao Parque Antarctica por indicação de Luxemburgo -Alex Mineiro foi contratado a pedido de Caio Júnior, o treinador anterior do clube- acumulam 201 jogos na competição. Só que 34 foram dos goleiros Marcos e Bruno.
Mesmo atuando menos, eles fizeram juntos 28 gols. É verdade que os 18 feitos por Alex Mineiro desequilibram a conta.
Mas ainda dos 9 jogadores de linha do clube pré-Luxemburgo, 5 (55%) balançaram as redes no Brasileiro-2008.
Os escolhidos pelo treinador, no entanto, são os principais responsáveis pelo Palmeiras ser atualmente um dos reis da indisciplina do campeonato.
Todas as dez expulsões do clube aconteceram com jogadores que chegaram ao clube pelo dedo de Luxemburgo.
Fazem parta da lista Denílson, Diego Souza, Fabinho Capixaba, Kléber, Léo Lima, Lenny e Roque Júnior.
"Se tiver que fazer uma falta para evitar um gol, tem que fazer. Não importa se você vai tomar o cartão", diz o atacante Kléber, o recordista de expulsões de todo o Brasileiro -recebeu o vermelho três vezes.
O atacante, aliás, considera a conquista do título do Brasileiro "muito difícil".
Os números do Datafolha também mostram que a turma antiga do time alviverde faz mais pelo Palmeiras neste Brasileiro do que os que chegaram na era Luxemburgo/Traffic.
O melhor passador do time é Pierre, no clube desde o início da temporada. O maior lançador da equipe é Martinez. O rei das assistências, os passes que resultaram em gols do time, é o lateral-esquerdo Leandro. Os dois também estão no Parque Antarctica há quase duas temporadas inteiras.
Mesmo tendo ficado no clube só até o final do primeiro turno, o chileno Valdivia ainda lidera o time em dois fundamentos -bolas recebidas e dribles.
Pierre também chegou no clube por indicação de Caio Júnior, hoje técnico do Flamengo, o próximo rival palmeirense.
E o volante afirma que o Palmeiras atual nada tem a ver com o do seu técnico anterior.
"Agora tem o dedo do Luxemburgo. O time é a cara dele", declara Pierre.
A torcida palmeirense também dá sinais de que prefere os velhos conhecidos.
No domingo passado, após a derrota para o Grêmio, Marcos e Pierre foram poupados das vaias do público que lotou o Parque Antarctica.
"Fico feliz [pelos aplausos]. O torcedor reconhece o jogador que se entrega, luta. Mas trocaria minha boa atuação por uma vitória contra o Grêmio", afirma o volante Pierre.


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