São Paulo, sábado, 14 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MOTOR

Desperdício de talento


Raikkonen ainda não tem nada certo para 2010, e ver um piloto como ele fora do grid seria uma enorme pena


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

MUGELLO, 12 de janeiro. Massa percorria as primeiras voltas com o novo carro da Ferrari. A cúpula da equipe estava lá, Schumacher e Montezemolo incluídos. Após o primeiro teste, reunião para discutir as impressões iniciais.
Enquanto a conversa rolava, Raikkonen tirava uma soneca num Lancia estacionado ao lado do circuito.
Em seus 60 Mundiais, a F-1 já abrigou outros pilotos talentosos, mas descompromissados. Hunt é a lembrança imediata, até pela semelhança de estilos com o finlandês fora das pistas: festas, mulheres, festas, bebidas, festas, alguns vexames.
Houve ainda Irvine, Nanini, Capelli, Liuzzi, Coulthard, Bira, Hailwoord... (Sobre este, Emerson conta que o encontrou chegando ao hotel às 9h do domingo de Zandvoort-74. O inglês foi quarto na prova, um dos melhores resultados na temporada, e alegou que correra animado por uma noitada das mais fantásticas.)
Mas nenhum deles, ninguém na história da F-1, reuniu tanto talento e tanto desinteresse pelo "lado chato" da categoria como Raikkonen. Antes de ser descoberto pela Sauber, em 2001, o finlandês havia disputado apenas 23 provas de monopostos. Correu as cinco primeiras etapas do campeonato sob observação da FIA e, como não fez nenhuma besteira, conquistou a superlicença.
No ano seguinte, já estava na McLaren. E foi com o carro prateado, em 2005, que fez uma das maiores corridas que já vi. Saindo em 17º, venceu. Com direito a bater em Montoya na largada, superar Schumacher na pista e ultrapassar o líder, Fisichella, por fora, na última volta.
Em 2007, foi para a Ferrari. E logo no primeiro ano ergueu o Mundial.
Problema é quando sai do carro. E, uma quimera, é que a F-1 de hoje exige muito do piloto fora do carro, tanto para desenvolvê-lo como para representar a marca. E nessas duas áreas, o finlandês é um Grosjean.
Daí, o chute da Ferrari. Daí, ainda não ter nada acertado para 2010.
Se não for na McLaren, será numa equipe pequena ou em nenhuma.
Seria o início do fim de um grande piloto, que talvez, tenha cometido o erro de nascer na época errada.

BOM NEGÓCIO?
O promotor da Stock reuniu-se com executivos do SBT. Ouviu que todas as provas seriam exibidas ao vivo e que nome do patrocinador do campeonato seria pronunciado à vontade. Mas já estava assinado com a Globo, que, até agora, promete apenas quatro corridas ao vivo, na íntegra. Nextel, nem pensar.

BOM NEGÓCIO!
A Toyota oferece às novatas o carro de 2010, praticamente pronto. A Campos está com a Dallara e a Lotus diz ter um projeto -surrupiado da Force India, dizem as más línguas. Restam USF1 ou Manor. Quem comprar deve se dar bem -e eu pediria o Kobayashi junto.

fabioseixas.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Com Capello, Inglaterra vive dias de Brasil
Próximo Texto: José Geraldo Couto: A solidão e a massa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.