São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2010

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PAULO VINICIUS COELHO

O estádio infiel


O Corinthians não tem plano econômico nenhum para Itaquera e será palco da abertura

EM 2001, o relatório de uma CPI sobre terrenos doados a instituições esportivas em São Paulo citou o uso irregular de Itaquera. O promotor José Carlos de Freitas alega que ainda há um processo para o Corinthians devolver a área à cidade, porque as condições para a concessão jamais foram cumpridas. Exigia-se o início das obras em um ano e um estádio pronto para jogos em quatro anos.
Estamos esperando.
O anúncio de que a nova arena do Corinthians será sede da abertura da Copa não responde a uma série de perguntas. A principal é: Quem vai pagar a ampliação para 65 mil lugares? Mas há outras.
A cessão do terreno ao Corinthians deu-se por meio da lei 10.622, de 1988. O município levou em conta que o Corinthians é uma associação sem fins lucrativos. Por isso, o comodato impede o uso comercial da área. Em outras palavras, o Corinthians não tem o direito de vender o "naming rights", forma pela qual pretende restituir a Odebrecht pela construção. A venda caracterizaria a mudança da finalidade da cessão do terreno, o que reforça a teoria do promotor Freitas de que Itaquera deve ser devolvido ao município.
Se esta teoria tem caráter político? Tanto quanto a de que o Morumbi não pode sediar a Copa, por não apresentar o plano econômico para a reforma de R$ 630 milhões, como desejava o comitê presidido por Ricardo Teixeira. Lembre-se de que o Morumbi tinha um projeto desprezado, que custaria R$ 250 milhões. O São Paulo, então, apresentou outro projeto de reforma, de R$ 630 milhões, e ele foi aprovado para a semifinal, sem garantia para a abertura. E desde que o São Paulo apresentasse seu plano econômico em 30 dias, no máximo.
O São Paulo apresentou o plano para a reforma de R$ 250 milhões, ao que o comitê respondeu que o estádio estava vetado, por não demonstrar como faria a reforma de R$ 630 milhões.
O Corinthians não tem plano econômico nenhum e será palco da abertura!
Não se sabe de onde vai sair o dinheiro, o uso do terreno fere o contrato de concessão e há também o problema dos dutos abaixo do campo, que a Petrobras se compromete a retirar, mas com custo estimado em R$ 120 milhões. Em 1983, a favela da Vila Socó explodiu em Cubatão e chocou o país. Estava construída sobre tubulações semelhantes.
Nada importa. A Copa começará em 13 de junho de 2014, no Fielzão. Infiel é quem se recusa a explicar como isso vai acontecer antes de todas essas respostas.

pvc@uol.com.br


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