São Paulo, sábado, 14 de novembro de 1998

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FUTEBOL
Equipe esquece gols da 1ª fase e vai tentar garantir o empate hoje, contra o Cruzeiro, pelas quartas-de-final
Palmeiras ativa futebol de resultados

Evelson de Freitas/Folha Imagem
O palmeirense Zinho se debruça na janela do hotel em que o time está concentrado, em Belo Horizonte


FÁBIO VICTOR
enviado especial a Belo Horizonte

Após se tornar sinônimo de placares dilatados no Campeonato Brasileiro-98 e ajudar a inverter a imagem defensivista do técnico Luiz Felipe Scolari, o Palmeiras retoma hoje à noite, às 21h, contra o Cruzeiro, no Mineirão, o futebol de resultados que marca a carreira de seu treinador.
É o primeiro jogo, de três possíveis, entre os times pelas quartas-de-final da competição. Quem fizer cinco pontos primeiro passa às semifinais, onde enfrentará o vencedor de Coritiba x Lusa, mas o Palmeiras tem a vantagem de jogar por três empates.
Com 46 gols marcados e 32 sofridos (saldo de 14), o Palmeiras atingiu a média de 3,39 gols por partida, transformando-se no time em cujos jogos acontecem mais gols (pró ou contra) no Brasileiro.
Mas, segundo alerta de Scolari e dos jogadores, a festa vai acabar.
A partir de hoje a equipe pretende jogar de acordo com o regulamento, que lhe garante a vantagem do empate (exceto se cruzar com o Corinthians na decisão), e para isso mudará o seu sistema tático.
"Vou trabalhar a parte tática para ter um sentido de marcação mais forte. Não teremos a postura que tivemos durante todo o campeonato", admitiu o técnico palmeirense, que já repassou a idéia aos seus atletas.
"Agora, as coisas vão ser totalmente diferentes. Vamos jogar com o regulamento do Brasileiro embaixo do braço. Nossa face copeira vai voltar", garantiu o atacante Paulo Nunes.
O atacante lembrou como exemplo a perda do Brasileiro do ano passado para o Vasco. "Eles foram campeões porque souberam usar a vantagem dos dois empates."
O grupo argumenta que a alta média da primeira fase se deveu à liberdade de arriscar. "Como três pontos valiam muito mais a pena do que um, arriscamos mais, mas também ficamos expostos. Agora, um ponto vale muito para a gente", explicou o goleiro Velloso.
No novo posicionamento, Zinho e Paulo Nunes terão que marcar a saída dos laterais adversários, os zagueiros Júnior Baiano e Cléber ficarão mais plantados na defesa, Rogério atuará mais recuado, e até as subidas dos alas, principal jogada de ataque, será afetada.
"Vamos ter que trabalhar os dois laterais (Arce e Júnior) para eles puxarem um pouquinho o freio de mão", disse Scolari.
Será uma maneira, segundo Paulo Nunes, de diversificar as jogadas do time e confundir os adversários. "Todos os times estão vendo que o nosso forte são as subidas dos laterais, já ficou manjado, então temos que ter novas opções."
Apenas Alex, destaque do time, não fará muitos sacrifícios.
"Ele é o que menos vai mudar o posicionamento, mas, por causa da situação do jogo, também poderá ter novas funções", adiantou o treinador palmeirense.
As mudanças implicarão com que alguns jogadores ganhem mais importância no grupo. Um deles é o volante Tiago, 19, que, por causa da contusão de Zinho, entrou como titular recentemente em alguns jogos. "Num esquema desses (em que não tomar gols é prioridade), o Tiago tem uma importância muito grande, e ele vem mostrando isso nas últimas partidas", elogiou Scolari.
Ele afirmou, porém, ser improvável escalar Tiago desde o início, utilizando-o de acordo com as necessidades do placar.
Questionado a respeito de uma eventual frustração da torcida, que acostumou-se a ver "chuvas de gols" nos jogos do time (6 a 3 sobre o Juventude, 4 a 0 sobre o Bragantino, 3 a 2 sobre a Lusa), o técnico foi pragmático.
"A torcida é importante, mas eu não jogo para ela. Eu quero é que a torcida fique satisfeita no final."
O mesmo raciocínio segue Alex: "No dia 23 (de dezembro, data da decisão do Brasileiro), se o Palmeiras for campeão, ninguém vai pensar se o placar do jogo contra o Cruzeiro foi 0 a 0 ou 10 a 0".
² Benefícios
Scolari mostrou preocupação com a idoneidade da arbitragem de hoje. "Você sabe que o Marco Antônio Teixeira (secretário-geral da CBF) é cruzeirense, não é?"
Ele também criticou o que classificou de "benefícios" ao Cruzeiro. "O jogo foi marcado para o sábado porque jogaremos na terça pela Mercosul, mas eles só voltam a jogar na quinta, porque tiveram o primeiro jogo adiado."
A partida de hoje será a terceira do Palmeiras em cinco dias. Amanhã, o time folga. Na segunda, embarca para Assunção (Paraguai), onde enfrenta na terça o Olimpia.



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