São Paulo, terça-feira, 14 de dezembro de 2010

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Agassi, 40, enfim aprecia o jogo

TÊNIS
Ex-número 1 não consegue deixar esporte que sempre detestou e que o consagrou


Bruno Domingos/Reuters
Agassi em jogo-exibição contra Guga no último sábado

FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Um dos maiores tenistas da história, o americano Andre Agassi não se cansa de afirmar em seu livro autobiográfico que "detesta tênis".
Mesmo assim, ele protagonizou uma carreira espetacular: alcançou o topo do ranking e conquistou 60 títulos -oito troféus de Grand Slams e a medalha de ouro na Olimpíada de Atlanta-96.
Após 20 anos no competitivo circuito da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), o americano de Las Vegas acumulou mais de US$ 31 milhões em prêmios, quantia suficiente para ele se afastar do esporte que classifica como o mais solitário de todos.
Mas Agassi, que foi um dos mais famosos garoto-propaganda da história do tênis, continua ligado às raquetes. E agradece por isto.
Aos 40 anos, disputa partidas-exibições ao redor do mundo e, com os recursos levantados nesses eventos, dá fôlego à sua fundação.
A instituição é outra face da vida de Agassi que escancara seu lado contraditório.
Ele não esconde de ninguém que odiava a vida escolar. E vibrou muito quando conseguiu abandoná-la para se dedicar aos treinos.
Criou uma escola independente destinada às crianças carentes de Las Vegas, onde continua morando.
O tênis também continua intensamente na vida de Agassi, casado com uma das maiores jogadoras da história, a alemã Steffi Graf.
Um dos dois únicos tenistas (ao lado de Rafael Nadal) a conquistar o Golden Slam -ganhar os quatro Grand Slams e o ouro olímpico-, Agassi jogou até os 36 anos.
Naquela época, suas costas lhe lembravam constantemente que não aguentavam mais o esforço de jogar.
Agora, em suas exibições, a pressão não é a mesma, mas ele continua falando consigo mesmo, como fazia quando tinha sete anos.
"Na minha cabeça, nunca é amistoso. Sempre tem um golpe que dá para melhorar."
O corpo, às vezes, também lhe manda lembranças. Como a que o obrigou a cancelar um jogo contra seu compatriota Pete Sampras, nesta semana, na Argentina.
Seu estado físico seria uma desculpa para cancelar também seu duelo com Gustavo Kuerten, no último sábado, no Rio. Mas voltou ao Brasil 23 anos após seu primeiro título profissional, na Bahia.
Sofreu com dores nas costas e ganhou apoio moral de Guga. Quatro anos mais velho que o brasileiro, prosseguiu firme, mas perdeu.
Demonstrou paciência (autografou livros de fãs) e bom humor ("Entendo 100% de português") e foi questionado por que continuava jogando se "detestava tênis".
"O tênis nunca foi uma escolha minha. Aos 27 anos, cheguei a 141 [do ranking] e sabia que poderia jogar por mim, não por meu pai, pela fama ou por dinheiro. Aquilo me deu força para mudar e me deu a liberdade", afirmou Agassi, lembrando que o tênis também proporcionou que conhecesse Steffi Graf e criasse sua fundação.


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