São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 2001

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FUTEBOL
Negociações de atletas fazem time do ABC viver dias de tormento, a exemplo do Vasco, rival na decisão da Copa JH
Estresse também atinge o São Caetano

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DO PAINEL FC

Não é só o Vasco que irá decidir sob estresse a Copa João Havelange. O São Caetano também vai.
Se o time de São Januário enfrenta clima conturbado devido à atitude de Eurico Miranda, que revoltou alguns jogadores proibindo o grupo de dar entrevistas, a situação do clube paulista não é muito diferente.
No São Caetano, o clima é de fim de feira e irritação de alguns atletas pela indefinição sobre transferências a outras equipes.
É o caso do lateral-esquerdo César, um dos principais destaques do time do ABC, que insiste em ser vendido. O Palmeiras chegou a oferecer R$ 3,5 milhões, mas o São Caetano pediu R$ 500 mil a mais, por exigência de um assessor de José Carlos Molina.
Dono da Datha Representações, parceira do clube até dezembro, Molina, que comandava o departamento de futebol, deverá receber parte da venda do passe de César. Não havendo acerto entre ele, o São Caetano e o lateral, a venda não será concretizada.
Pelo acordo com o time do ABC, o único ganho da Datha, que controlava as ações de marketing do clube, seria o ganho de imagem perante a comunidade.
Na cidade, entretanto, causou mal-estar a notícia de que Molina ganharia com a negociação de César, assim como já teria ganho em outra transferência -a do volante Claudecir para o Palmeiras.
Outro problema deu-se com Adhemar, artilheiro da JH com 22 gols. Negociado com o Stuttgart, o atacante, orientado pelo clube alemão, exigiu aumento no valor do seguro feito pelo São Caetano para enfrentar o Vasco na quinta.
Para resolver o problema, Nairo Ferreira de Souza, presidente do clube paulista, viajou com Adhemar para a Alemanha, onde ele assinou um pré-contrato -caso se machuque no Maracanã, o Stuttgart pode desfazer o acordo.
Segundo o diretor de futebol Genivaldo Leal, o atleta irá chegar hoje cedo a São Paulo e fará um leve treino à tarde, em Atibaia.
A comissão técnica do São Caetano está preocupada com a situação, que pode desmotivar os atletas já negociados. Claudecir, por exemplo, reconheceu que a disposição não é a mesma do final de dezembro. ""Temos que tentar procurar a motivação e também nos unir um pouco mais para ficar com o título", declarou.
Além de Adhemar, Claudecir, Japinha, lateral-direito que irá para o Bahia e já avisou que não gostaria de jogar no Rio, e César, pelo menos outros três atletas já disseram à diretoria que têm a intenção de sair. Entre eles está o goleiro Sílvio Luiz, que teria sido sondado por duas equipes ""maiores".
Para completar o quadro, o meia-atacante Aílton disse estar com problemas familiares e só se apresentou sábado a Jair Picerni.
Justamente por isso, ele teria atuado ontem entre os reservas, no segundo tempo do jogo-treino contra o União São João, em Araras, e não com os titulares, que jogaram na etapa inicial.
Para tentar contornar o problema, Picerni deverá conversar muito com o grupo. ""Depois que eles ganharem o título, podem decidir a vida como quiserem", afirmou. ""O Eurico (Miranda, presidente eleito do Vasco) foi inteligente (sobre a marcação de uma nova final). Vou ter que trabalhar a cabeça dos jogadores."


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