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Dualib sofre 1º revés em 14 anos no Corinthians
Chapa de sustentação ao presidente perde eleição para conselheiros no clube
Após cassar liminar que impedia a votação, situação sai derrotada, e presidente deixa o clube antes de o resultado ser anunciado
DA REPORTAGEM LOCAL
Alberto Dualib conheceu ontem sua primeira derrota desde
que assumiu a presidência do
Corinthians, em 1993.
Em eleição para selecionar
100 conselheiros para o clube
ontem, a chapa de oposição
"Transparência", liderada por
Andrés Sanchez, superou o grupo de apoio ao presidente.
O placar foi 1.096 a 989 para o
grupo de Sanchez. Uma terceira chapa inscrita no pleito
amealhou 120 votos.
Na prática, a derrota de ontem muda muito pouco no controle político do clube, uma vez
que Dualib ainda detém a maioria no conselho -tanto que ele
comentava a interlocutores antes do pleito que esta eleição
não tinha grande importância.
Mas, em termos simbólicos, o
resultado é muito importante,
sobretudo levando-se em conta
que a situação cassou, durante
o final de semana, uma liminar
obtida na última sexta-feira pela oposição para adiar a eleição.
Outra conseqüência da derrota de Dualib -que nem sequer permaneceu no Parque
São Jorge para aguardar a divulgação oficial do resultado-
é a ascensão de um novo grupo
político no cenário corintiano,
liderado por Sanchez, um ex-aliado do presidente.
O principal vitorioso deste
pleito era, até ontem, tido como
uma figura sem força política
no clube. O ex-vice-presidente
Antônio Roque Citadini, por
exemplo, costumava se referir
ao grupo político de Sanchez
como "o baixo clero".
Paralelamente, o resultado
marca a queda na influência política de figuras como o ex-presidente Wadih Helu e o vice-presidente Nesi Cury -tidos
como fundamentais no jogo da
política interna do clube.
A campanha foi marcada por
um enfrentamento jurídico, fato corriqueiro na instituição.
A briga sobre a realização do
pleito segue na Justiça, uma vez
que a oposição reivindica a eleição de mais 100 conselheiros.
Alega que houve indicação irregular deste número de dirigentes por Dualib.
Além disso, os opositores
suspenderam, na Justiça, uma
peça publicitária que Dualib
veiculava na TV Globo.
O investimento da chapa
vencedora na campanha também foi um fator de peso.
O grupo de Sanchez -que, no
início defendia a parceria com a
MSI e depois passou a questionar o negócio- montou um comitê fora da sede do clube, no
Parque São Jorge, e uniu várias
correntes descontentes.
Sanchez precisou costurar
apoio com outras lideranças,
como o grupo da Democracia
Corintiana, ex-funcionários demitidos pelo presidente, descontentes com ele e até Marlene Matheus, que, apesar de não
ter o peso político que teve seu
marido (o ex-presidente Vicente Matheus, já morto), emplacou conselheiros na chapa.
Ele contou, por exemplo,
com o apoio do ex-presidente
Waldemar Pires, um dirigente
que, como Sanchez, almeja concorrer à sucessão de Dualib.
Outra marca da estratégia do
grupo vencedor foi denunciar a
administração corintiana, apesar do envolvimento inclusive
de pessoas da chapa.
Houve a circulação de dossiês, mencionando a suspeita
de compras superfaturadas, reveladas pela Folha.
Agora, o desafio será votar o
balanço do exercício de 2006.
(LUÍS FERRARI)
Colaborou RICARDO PERRONE ,do Painel FC
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