São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

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Dualib sofre 1º revés em 14 anos no Corinthians

Chapa de sustentação ao presidente perde eleição para conselheiros no clube

Após cassar liminar que impedia a votação, situação sai derrotada, e presidente deixa o clube antes de o resultado ser anunciado

DA REPORTAGEM LOCAL

Alberto Dualib conheceu ontem sua primeira derrota desde que assumiu a presidência do Corinthians, em 1993.
Em eleição para selecionar 100 conselheiros para o clube ontem, a chapa de oposição "Transparência", liderada por Andrés Sanchez, superou o grupo de apoio ao presidente. O placar foi 1.096 a 989 para o grupo de Sanchez. Uma terceira chapa inscrita no pleito amealhou 120 votos.
Na prática, a derrota de ontem muda muito pouco no controle político do clube, uma vez que Dualib ainda detém a maioria no conselho -tanto que ele comentava a interlocutores antes do pleito que esta eleição não tinha grande importância. Mas, em termos simbólicos, o resultado é muito importante, sobretudo levando-se em conta que a situação cassou, durante o final de semana, uma liminar obtida na última sexta-feira pela oposição para adiar a eleição.
Outra conseqüência da derrota de Dualib -que nem sequer permaneceu no Parque São Jorge para aguardar a divulgação oficial do resultado- é a ascensão de um novo grupo político no cenário corintiano, liderado por Sanchez, um ex-aliado do presidente.
O principal vitorioso deste pleito era, até ontem, tido como uma figura sem força política no clube. O ex-vice-presidente Antônio Roque Citadini, por exemplo, costumava se referir ao grupo político de Sanchez como "o baixo clero".
Paralelamente, o resultado marca a queda na influência política de figuras como o ex-presidente Wadih Helu e o vice-presidente Nesi Cury -tidos como fundamentais no jogo da política interna do clube.
A campanha foi marcada por um enfrentamento jurídico, fato corriqueiro na instituição.
A briga sobre a realização do pleito segue na Justiça, uma vez que a oposição reivindica a eleição de mais 100 conselheiros. Alega que houve indicação irregular deste número de dirigentes por Dualib.
Além disso, os opositores suspenderam, na Justiça, uma peça publicitária que Dualib veiculava na TV Globo.
O investimento da chapa vencedora na campanha também foi um fator de peso.
O grupo de Sanchez -que, no início defendia a parceria com a MSI e depois passou a questionar o negócio- montou um comitê fora da sede do clube, no Parque São Jorge, e uniu várias correntes descontentes.
Sanchez precisou costurar apoio com outras lideranças, como o grupo da Democracia Corintiana, ex-funcionários demitidos pelo presidente, descontentes com ele e até Marlene Matheus, que, apesar de não ter o peso político que teve seu marido (o ex-presidente Vicente Matheus, já morto), emplacou conselheiros na chapa. Ele contou, por exemplo, com o apoio do ex-presidente Waldemar Pires, um dirigente que, como Sanchez, almeja concorrer à sucessão de Dualib.
Outra marca da estratégia do grupo vencedor foi denunciar a administração corintiana, apesar do envolvimento inclusive de pessoas da chapa.
Houve a circulação de dossiês, mencionando a suspeita de compras superfaturadas, reveladas pela Folha.
Agora, o desafio será votar o balanço do exercício de 2006. (LUÍS FERRARI)


Colaborou RICARDO PERRONE ,do Painel FC


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