São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ATP exige respeito ao público e peita astros

Entidade vê exagero em desistências e prevê multas para jogadores em 2007

Dirigente diz que um em cada cinco tenistas desistiu de torneios em 2006 e compara os atletas de elite a astros de rock

DA REPORTAGEM LOCAL

Preocupada com a relação entre atletas e públicos nos torneios, a Associação dos Tenistas Profissionais deu ontem a primeira bronca pública em seus esportistas na temporada.
Etienne de Villiers, principal executivo da entidade, afirmou que é preciso tratar os espectadores com mais respeito.
Ele desandou a falar do tema após ser indagado sobre recentes incidentes ocorridos no Torneio de Sydney, disputado na última semana. Sete tenistas desistiram de participar do certame. Alegaram estar lesionados, mas não especificaram quais seriam os ferimentos.
O único a falar foi o russo Nikolay Davydenko, em depoimento enfático: "É um torneio pequeno e ninguém está nem aí para o que ocorre nele".
Davydenko recebeu multa de R$ 21,5 mil pelo desabafo.
De Villiers acredita que punições semelhantes devem ocorrer durante o ano.
Ele está preocupado porque, em 2006, ocorreram 383 desistências de atletas só nos torneios de elite da ATP.
Pela média de inscritos no circuito profissional, o número indica que um em cada cinco tenistas desistiu de algum evento no ano passado.
"Estou dizendo aos jogadores que eles precisam ter compromisso. Não podemos desrespeitar os fãs", afirma.
De Villiers comparou os atletas a astros de rock. "Se você vai a um show do U2 e a banda decide não tocar, os fãs continuariam a gostar deles?" questiona De Villiers. "Se The Edge [guitarrista do U2] não tocar, se Bono [vocalista] não estiver lá, seria impensável", completa.
O executivo da ATP também anunciou a criação de medidas mais duras para evitar desistências em 2007. Os tenistas terão direito a deixar a chave principal de um evento apenas uma vez sem receber punição. A partir da segunda falta, multas serão cobradas se não for apresentada uma justificativa.
O próprio De Villers, contudo, reconhece ser complicado julgar decisões de abandono dos jogadores, especialmente quando baseadas em lesões.
Rafael Nadal, número dois do mundo, por exemplo, estava inscrito no Torneio de Sydney, mas não atuou. Alegou um problema na virilha, que, apesar de não ser considerado grave, poderia prejudicar sua participação no Aberto da Austrália, durante esta semana.
"Não posso fazer um julgamento e mandar um tenista continuar a atuar com dor. O que quero é que eles entendam que são parte do show."
Ele diz que não vai tolerar arroubos como o de Davydenko. Questionado se daria a Roger Federer, o melhor tenista em atividade, uma multa semelhante à imposta ao russo caso tomasse atitude idêntica, De Villers disse que sim.
"Mas sei que o Roger jamais faria isso, e aí está a diferença. Ele entende o nosso recado. Federer costuma dizer que não importa o que os tenista pensam. O que importa é o que o público pensa."


Texto Anterior: Itália: Roma tropeça, e Inter dispara na liderança
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.