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ATP exige respeito ao público e peita astros
Entidade vê exagero em desistências e prevê multas para jogadores em 2007
Dirigente diz que um em cada cinco tenistas desistiu de torneios em 2006 e compara os atletas de
elite a astros de rock
DA REPORTAGEM LOCAL
Preocupada com a relação
entre atletas e públicos nos torneios, a Associação dos Tenistas Profissionais deu ontem a
primeira bronca pública em
seus esportistas na temporada.
Etienne de Villiers, principal
executivo da entidade, afirmou
que é preciso tratar os espectadores com mais respeito.
Ele desandou a falar do tema
após ser indagado sobre recentes incidentes ocorridos no
Torneio de Sydney, disputado
na última semana. Sete tenistas
desistiram de participar do certame. Alegaram estar lesionados, mas não especificaram
quais seriam os ferimentos.
O único a falar foi o russo Nikolay Davydenko, em depoimento enfático: "É um torneio
pequeno e ninguém está nem aí
para o que ocorre nele".
Davydenko recebeu multa de
R$ 21,5 mil pelo desabafo.
De Villiers acredita que punições semelhantes devem ocorrer durante o ano.
Ele está preocupado porque,
em 2006, ocorreram 383 desistências de atletas só nos torneios de elite da ATP.
Pela média de inscritos no
circuito profissional, o número
indica que um em cada cinco
tenistas desistiu de algum
evento no ano passado.
"Estou dizendo aos jogadores que eles precisam ter compromisso. Não podemos desrespeitar os fãs", afirma.
De Villiers comparou os atletas a astros de rock. "Se você vai
a um show do U2 e a banda decide não tocar, os fãs continuariam a gostar deles?" questiona
De Villiers. "Se The Edge [guitarrista do U2] não tocar, se Bono [vocalista] não estiver lá, seria impensável", completa.
O executivo da ATP também
anunciou a criação de medidas
mais duras para evitar desistências em 2007. Os tenistas terão direito a deixar a chave
principal de um evento apenas
uma vez sem receber punição.
A partir da segunda falta, multas serão cobradas se não for
apresentada uma justificativa.
O próprio De Villers, contudo, reconhece ser complicado
julgar decisões de abandono
dos jogadores, especialmente
quando baseadas em lesões.
Rafael Nadal, número dois do
mundo, por exemplo, estava
inscrito no Torneio de Sydney,
mas não atuou. Alegou um problema na virilha, que, apesar de
não ser considerado grave, poderia prejudicar sua participação no Aberto da Austrália, durante esta semana.
"Não posso fazer um julgamento e mandar um tenista
continuar a atuar com dor. O
que quero é que eles entendam
que são parte do show."
Ele diz que não vai tolerar arroubos como o de Davydenko.
Questionado se daria a Roger
Federer, o melhor tenista em
atividade, uma multa semelhante à imposta ao russo caso
tomasse atitude idêntica, De
Villers disse que sim.
"Mas sei que o Roger jamais
faria isso, e aí está a diferença.
Ele entende o nosso recado. Federer costuma dizer que não
importa o que os tenista pensam. O que importa é o que o
público pensa."
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