São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 2011

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RITA SIZA

Nem Paris, nem Dacar


Mesmo após ter se transformado em uma prova sul-americana, o Rali Dacar continua emocionante


CONFESSO QUE acho uma certa piada a isto de o rali Paris-Dacar não passar nem por Paris, nem por Dacar.
Mas espero que a moda não pegue.
Seria com certeza confuso se, por exemplo, o Aberto da Austrália, que começa na próxima semana, se realizasse no Japão, ou se a Maratona de Londres agora se corresse em Paris.
Mas de volta ao rali.
A prova, com a sua impressionante envergadura de mais de 5.000 quilómetros, providenciou, como é seu apanágio, momentos de elevada espetacularidade e emoção.
Mais uma vez foi possível ver, nas mais extremas condições (que ao mesmo tempo compõem as mais belas paisagens), homens e máquinas testados até ao limite.
Mas neste momento em que escrevo, o rali já é só uma emoção visual. A competição, a dois dias do final da prova, está mais do que decidida, a não ser que um grande imponderável, que a esse nível é muito pouco provável, venha baralhar a classificação do topo.
Não creio que isso seja razão suficiente para perder o interesse na corrida, mesmo nessa etapa final.
Até porque, ainda que não esteja em causa o domínio dos construtores Volkswagen (nos automóveis), KTM (nas motos) e Kamaz (nos camiões), todos vencedores incontestados desde que a prova se tornou sul-americana, este Dacar não deixou de nos brindar com cenas inéditas e várias novidades.
Desde logo, o fato de o piloto do Qatar Nasser Saleh al-Attiyah poder reclamar amanhã em Buenos Aires a sua primeira vitória de sempre.
Apesar de não ter ido confirmar, arrisco dizer que é também a primeira vez que o vencedor do rali é simultaneamente um atleta olímpico na categoria do tiro ao prato (participante nos Jogos de Atenas e de Pequim).
É o tipo de curiosidade que me interessa, sei lá bem por quê.
Infelizmente, a edição deste ano do Dakar volta a ficar manchada por três mortes.
Uma das quais depois de um choque frontal do piloto argentino Eduardo Amor contra um automobilista circulando normalmente no trânsito, o que levou as autoridades a pedir atenção redobrada para as infrações às regras do Código da Estrada por parte dos concorrentes do rali.
Além de irresponsável, é francamente incompreensível que estes senhores supostamente profissionais continuem a achar que estão dispensados de cumprir a lei.


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