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FUTEBOL
Com base em relatório de comissão do Senado, Ministério Público pede ação contra dirigentes da federação de MG
CPI produz o primeiro pedido de prisão
LEONARDO WERNER
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O Ministério Público de MG pediu ontem a prisão preventiva de
três diretores da FMF (Federação
Mineira de Futebol), entre eles o
presidente, Elmer Guilherme Ferreira, e formalizou denúncia contra 11 dirigentes da entidade.
Todos foram acusados por formação de quadrilha, falsificação
de documentos e apropriação indébita. Segundo o promotor Fernando Nogueira Galvão da Rocha, um dos que encaminharam a
denúncia à Justiça, suspeita-se
que possa ter havido desvio de
aproximadamente R$ 4 milhões.
O trabalho teve como base a CPI
do Futebol do Senado, finalizada
em 2001. De acordo com o promotor, após o término dos trabalhos em Brasília, o relatório final
foi enviado a Minas Gerais, para
que as suspeitas fossem apuradas.
É o primeiro pedido de prisão
baseado nas apurações da CPI, a
maior investigação já promovida
no esporte brasileiro.
"Cumprimento o promotor,
que teve uma atitude exemplar.
Espero que isso estimule os demais responsáveis pelas ações criminais nos outros Estados", disse
o senador Álvaro Dias (PDT-PR),
que presidiu a comissão.
Após 14 meses de trabalho, o relatório do então senador Geraldo
Althoff (PFL-SC), com 1.600 páginas e quatro volumes, foi aprovado por unanimidade.
O documento, com base nas
quebras dos sigilos bancário e fiscal dos investigados, pediu na
época o indiciamento de 17 pessoas, entre elas Ricardo Teixeira,
presidente da CBF, Eduardo José
Farah, presidente da Federação
Paulista, e Eurico Miranda (PPB-RJ), ex-deputado federal e presidente do Vasco da Gama.
Segundo o promotor, o Ministério Público pediu a prisão preventiva dos diretores "para tentar
impedir que o esquema de fraudes fosse levado adiante".
Os outros dirigentes que tiveram prisão preventiva solicitada
pelo Ministério Público foram o
secretário-geral José Guilherme
Ferreira Filho, irmão de Elmer, e o
tesoureiro Paulo Alves de Assis.
"Eram eles [os diretores] que assinavam os cheques e faziam as
movimentações financeiras irregulares", afirmou Rocha.
Foi pedido ainda o afastamento
cautelar dos demais incluídos na
denúncia, entre os quais um irmão e um filho de Elmer.
Althoff já havia indicado a necessidade de intervenção na FMF,
devido às suspeitas de irregularidades. Uma delas dizia respeito
ao desvio de dinheiro para compra de uma fazenda em Mato
Grosso. A denúncia foi apurada
pelo Ministério Público, que provou também não existir nenhuma
propriedade na área mencionada
na escritura.
Entre as principais irregularidades constatadas pelos promotores
estão ainda "o registro de gastos
irregulares para fins particulares
dos dirigentes", fato não documentado em livros contábeis da
federação. Os promotores também listaram a falta de registros
da movimentação bancária da entidade de 1992 a 2000.
"Não podemos precisar quando
começaram as irregularidades,
mas é possível comprovar que o
caso não é recente", disse o promotor. De acordo com a assessoria de imprensa da Federação Mineira, Elmer ocupa a presidência
da entidade desde 1986.
A família Ferreira mantém o poder na federação desde agosto de
66 e outras vezes já foi alvo de suspeitas de irregularidades. A dinastia começou no regime militar,
quando o coronel José Guilherme
Ferreira, então chefe do gabinete
militar do governador Magalhães
Pinto, chegou à presidência.
Todo o trabalho dos promotores está reunido em 25 volumes
processuais, que foram entregues
ontem mesmo à 4ª Vara Criminal
de Belo Horizonte.
Colaborou Fábio Victor, do Painel FC
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