São Paulo, segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

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JUCA KFOURI

Muita gente, pouco Robinho


O quente Pacaembu encheu para ver o Santos de Neymar, de Ganso e, sobretudo, de Robinho. Quase não viu

ROBINHO JOGOU como em seus mais marcantes dias no Manchester City e quase frustrou os 32 mil torcedores que foram ao Pacaembu no domingo de Carnaval.
Magro como sempre e fora de ritmo como há tempos, chamou mais a atenção pela braçadeira de capitão, que, por sinal, não lhe cai bem.
Afinal, de Robinho queremos a irresponsabilidade eficaz do seu começo de carreira, porque mais do que isso ele jamais foi capaz de dar.
Para tanto, terá de aproveitar o verão brasileiro para sair de seu longo período de hibernação europeu.
E a sofrida virada (2 a 1) contra um dos lanternas, o Rio Claro, acabou por ser um choque de realidade em dias de Rei Momo, e não de Rei Pelé.
Robinho precisa trabalhar.

Paulistinha
Tem quem fique bravo quando o Estadual de São Paulo é tratado aqui como aqui ele é tratado: Paulistinha. Não é de hoje, por sinal.
E como a FPF repete a estupidez de fazer a cada ano um campeonato inchado e monótono, a cada ano esta coluna repete suas constatações.
Constatações, frise-se, porque a opinião é conhecida há mais de 30 anos, desde que os Estaduais deixaram de fazer sentido e foram abandonados pelo torcedor.
O argumento falso e recorrente dos que os defendem é que os clubes do interior desapareceriam se os Estaduais fossem extintos.
Diz-se, ainda, que é elitismo advogar pelo fim desses torneios, porque em defesa dos grandes. Tese curiosa, pois quem tem povo são os grandes. Elitismo das massas?
Ora, os clubes do interior estão há anos em processo de lenta e gradual extinção exatamente porque passam a temporada na expectativa desses poucos meses em que vão para a vitrine -e apenas para expor, com raras e alternadas exceções, suas fragilidades.
Há quem argumente, também, que os Estaduais são a única oportunidade que o interior tem de ver os grandes. Seria até o caso de perguntar: e daí, se não é interessante para eles?
Mas nem isso é verdade.
No último sábado, por exemplo, o Palmeiras levou 10 mil torcedores a Ribeirão Preto, em cujo estádio, o Santa Cruz, cabem 28 mil. E olhe que o adversário, o Botafogo, é um dos líderes do... Paulistinha.
Já o São Paulo foi visto por 7.000 em Itu, num campo com capacidade para 18 mil. E isso para não falar do "clássico" no Canindé, que pode abrigar 21 mil e abrigou 9.000.
Sim, tanto na capital como em Itu, debaixo de um solão, como se de propósito para desvender o espetáculo do futebol e ameaçar a saúde dos jogadores. A Lusa, por sinal, fabulosa mesmo, dona da casa e do mando da partida, jogou toda de preto sob o sol e deixou o Corinthians se vestir de branco...
Desnecessário dizer que, se o Pacaembu teve mais gente que nos três jogos somados dos outros grandes, não foi pelo campeonato, mas pela promessa de show.
Imagine se o jogo fosse, por um Rio-São Paulo, contra o Flamengo.
Lotaria o Morumbi.
Enquanto isso, no Rio, embora do mesmo modo já fora de propósito, o campeonato estadual, em seu primeiro turno, ao menos, começa a acabar na quarta-feira.

blogdojuca@uol.com.br


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