São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2004

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FUTEBOL

Futebol de segunda

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Graças ao São Paulo, o Corinthians conseguiu, enfim, escapar do rebaixamento. Se dependesse de seus próprios méritos, o alvinegro estaria na segunda divisão.
Aliás, o futebol apresentado pelo time ao longo do campeonato foi mesmo um futebol de segunda.
A campanha corintiana -a pior desde 1913- não deixa margem para dúvidas. Foram duas vitórias, dois empates e cinco derrotas. O Juventus deve ter se esforçado muito para conseguir ser pior que isso.
A derrota alvinegra de ontem, para a Portuguesa Santista, foi mais uma demonstração do estado de impotência a que foi reduzido o clube do Parque São Jorge.
Desde o início da partida o Corinthians tinha mais posse de bola, mas não conseguia, por falta de talento, velocidade e criatividade, superar a boa marcação adversária. Em seus poucos contra-ataques, a Santista levava mais perigo ao gol de Rubinho.
A torcida corintiana, que reviveu os tempos de sofrimento e compareceu em bom número ao Pacaembu apesar da chuva, tem toda razão de protestar -desde que não agrida ninguém, é claro.
Pensando bem, talvez fizesse bem ao time passar uma temporada na segunda divisão. Apesar da humilhação, ou mesmo por causa dela, o trauma poderia suscitar mudanças profundas no clube e a formação de uma equipe coesa, aguerrida e de pés no chão, como o Palmeiras de Jair Picerni.

 
Com o sistema de mata-mata em jogo único, tudo pode acontecer na próxima fase do Paulistão. Um único passo em falso pode pôr a perder uma ótima campanha.
Dos clubes que se classificaram, o Santos é o que tem futebol mais vistoso, o São Paulo é o mais eficiente e o Paulista o mais equilibrado. Apesar dos altos e baixos, o Palmeiras também é forte candidato, por ser uma equipe combativa e bem armada, além de contar com um grande artilheiro.
De um modo geral, entretanto, é preciso reconhecer que o nível do campeonato tem sido muito baixo até agora, com poucas exibições memoráveis.
Se, em linhas gerais, o atual futebol carioca parece um tanto frouxo e malemolente, o futebol paulista, em comparação, mostra-se truncado e sem imaginação.
As boas equipes paulistas -São Paulo, Santos- dão a impressão de ser mais competitivas que as cariocas. Mas essa prova só vai poder ser tirada mais adiante, no Brasileirão, ou mesmo nos eventuais confrontos entre times dos dois Estados na Copa do Brasil.
Por enquanto, o que se pode dizer é que o ideal seria uma junção do que há de melhor nos dois estilos: o equilíbrio tático das boas equipes paulistas com o jogo mais solto e criativo dos bons times do Rio.
A questão é que os bons times do Rio têm se revelado muito instáveis. Em poucas semanas, Flamengo, Fluminense e Vasco alternaram-se no topo e passaram por fases de baixa. Qual deles conseguirá manter um mínimo de regularidade?

Irresistível Milan
Com a bela vitória de ontem sobre a Juventus, na partida que foi chamada de "final antecipada" do Campeonato Italiano, o Milan segue firme na frente para conquistar o título da temporada. Como já disse Tostão, a equipe de Dida, Cafu e Kaká é uma das mais fortes do mundo hoje, mais equilibrada que o estelar Real Madrid e o poderoso Arsenal.

Irresistível Barça
Na Espanha, quem segue de vento em popa é o Barcelona de Ronaldinho, Davids e Saviola, que ontem ganhou mais uma e já está em terceiro no campeonato do país, depois de ter começado muito mal a temporada. Se continuar assim, ainda dará tempo de brigar pelo título com o Real.


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