São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

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MOTOR

Little Nelson


Nelsinho não é Nelsão, mas, fora das pistas, estreante brasileiro na F-1 age como um multicampeão mundial


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

ESTÁ LÁ, sobre os boxes da Renault na Austrália: Piquet Jr.
E assim, neste fim de semana, um dos melhores pilotos da história consegue mais uma conquista. A referência, óbvio, é a Nelson Piquet Souto Maior, carioca criado em Brasília, 55, tricampeão mundial da F-1, empresário de sucesso, que emplacou o filho na categoria. Mas já há quem confunda e que a faça a Nelson Ângelo Piquet, 22, alemão criado pelo mundo, piloto de desempenho irregular nas categorias de base.
A começar pelo próprio.
E isso é perigoso.
É perigoso porque Nelsinho não é Nelsão. Não é nem sequer Piquet Jr., criação que surgiu nos monitores da GP2 em algum momento, em 2006. Nelsinho é um estreante na F-1, como Bourdais e, vá lá, Nakajima, sujeito a todo tipo de dificuldades que um batismo na categoria exige.
Dificuldades como as que experimentou nas primeiras sessões livres em Melbourne: escapou da pista, rodou, atolou, teve de trocar a caixa de câmbio e ainda uma peça da suspensão dianteira. Afobou-se, admitiu. E ele enfrenta ainda uma problema a mais nessa adaptação. Seu pai não é o proprietário da Renault.
Desde a estréia no automobilismo, na F-3 sul-americana, Nelsinho correu sempre com times montados pelo tricampeão, com orçamento sem fundo, engenheiro brasileiro, testes à vontade, às vezes extrapolando as regras. Agora, é diferente. Mas Nelsinho, fora das pistas, age como Nelsão. Nelsão, sim, pode agir como Nelsão: é tricampeão da F-1.
Nelsinho conquistou a F-3 sul-americana, a F-3 inglesa e mais nada. Em Melbourne, questionado pelos repórteres brasileiros sobre o porquê da adoção do "Piquet Jr.", respondeu com acidez: "Não existe Nelsinho em inglês. É Little Nelson.
Faz muito mais sentido falar Little Nelson do que Nelsinho, o inho não quer dizer nada em inglês". Certo...
Agir como quem não é pode ser perigoso porque o choque de realidade normalmente é duro. A boa notícia para Nelsinho é sua idade, 22. Boa notícia porque é um atenuante para seu comportamento. E porque indica que ainda dá para mudar.

PALPITOL 1
Raikkonen conquistará o bicampeonato. Massa e Hamilton travarão boa disputa pelo vice. Kovalainen mostrará que é ótimo piloto. Rosberg e os Tiões da Toro Rosso serão as boas novas. Barrichello marcará pontos e parará no fim do ano. O GP à noite será inesquecível.

PALPITOL 2
No cenário sensacional de Losail, a corrida não foi das melhores. Mas serviu para mostrar que Stoner é, sim, favorito. Que Rossi, algo inimaginável há um ano, pode ter entrado em parafuso. E que, diante de um Alonso apagado na F-1, a Espanha pode voltar a dar mais atenção a MotoGP. O motivo, Lorenzo.

fseixas@folhasp.com.br


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