São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2010

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

Só para maiores

NÃO DIGA que o clássico Santos x Palmeiras mostrou a dificuldade de jogar com três atacantes e dois meias ofensivos.
A dificuldade da partida não foi essa para a equipe do técnico Dorival Júnior. Ao contrário, o primeiro tempo testou o Santos em todas as suas questões táticas. Nessa matéria, os meninos foram aprovados com nota 10.
Nota mais baixa deve ser aplicada se a matéria for futebol, em todos os seus detalhes. Porque o jogo mudou num lance de catimba, quando o Palmeiras diminuiu para 2 a 1 o massacre dos primeiros 40 minutos.
Quando Robert marcou o primeiro do Palmeiras, Diego Souza xingou até a última geração do lateral Pará e discutiu com o árbitro Antônio Rogério do Prado.
O nervosismo transformou o clássico num jogo só para maiores. Os meninos murcharam. Foi nessa hora que faltou a concentração necessária para evitar que o time do Palmeiras mudasse o destino do clássico, à base da garra.
Taticamente, o Santos foi aprovado com louvor com a imensa contribuição de Paulo Henrique Ganso, o melhor do clássico na Vila Belmiro.
No plano do jogo, precisava evitar que o Palmeiras e seus dois meias criativos (Diego Souza e Cleiton Xavier) levassem vantagem contra a marcação de um único volante santista, Arouca.
Pois Ganso se posicionou como marcador, correu atrás de um dos armadores rivais -Diego Souza, em boa parte das vezes- e ainda foi armador. Foi de Ganso, por exemplo, o passe para Neymar fazer 2 a 0. Foi de Ganso também a espetacular jogada que obrigou Marcos à primeira defesa da segunda etapa, aos 3min. E o lançamento esplêndido para Madson fazer 3 a 3.
Se o Chelsea de Lampard e Ballack pode jogar no 4-3-3, se o Barcelona de Xavi e Iniesta também pode ter só um volante, por que a lógica não valeria para o futebol brasileiro? Vale, desde que os meias se desdobrem.
Como se desdobraram Ganso e Madson, coautores do terceiro gol do time santista. A partir daí, faltou de novo a maturidade para Neymar evitar sua expulsão.
A lição de casa para os garotos é escrever no quadro alvinegro: no futebol, não basta manter a ternura.



RECUPERADO, NÃO!

Ainda não se vê o Robinho da primeira passagem pela Vila nem o que ajudou a dar dois títulos nacionais ao Real Madrid. Vale elogiar o sentido tático de quem preencheu o meio, marcou lateral e deu os passes para o gol de Pará e para Zé Love quase fazer 3 a 3. Mas o Robinho da Vila ainda não é o Robinho da Copa.

QUEM GANHOU?

Diego Souza foi o melhor do Palmeiras e é incompreensível a torcida hostilizá-lo. O melhor do jogo foi Ganso, ainda que Robert tenha feito três gols. Futebol não é só números, mas a matemática diz que o Bragantino, em 2007, estava quatro pontos atrás do G4 e, em três rodadas, classificou-se.

ESPETÁCULO

Na Espanha, Messi decidiu o confronto de ontem com o Valencia, com três gols, um deles espetacular. O time do Barcelona atuou num 4-3-3 semelhante ao que tem sido utilizado pelo Santos. À parte a Copa do Mundo na África do Sul, que vai definir o melhor jogador do ano, somente o inglês Wayne Rooney tem jogado com brilho semelhante ao do argentino. Rooney ostenta a marca de 25 gols marcados no Campeonato Inglês, 32 na temporada inteira.


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