São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2010

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Indy repete drama paulistano

Prova no Anhembi segue roteiro de SP em dias de chuva, com alagamento, queda de energia e acidente

Após vencer corrida que teve quase 50% da disputa em bandeira amarela, piloto da Penske, em festa morna, estranha até leite no pódio

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
MARTÍN FERNANDEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
ANDREI SPINASSÉ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quedas de energia elétrica, pontos de alagamento, paralisações, lentidão para resgate de carros acidentados. A estreia do circuito de rua de São Paulo, no Anhembi, foi uma metáfora da rotina da cidade.
Em 2h00min58s de disputa, foram 61min18s de duelo aberto (50,7%) e 59min40s de bandeira amarela (49,3%), quando há algum acidente na pista e as ultrapassagens são proibidas.
A primeira edição da São Paulo 300, primeira etapa da temporada da Indy, teve ainda 34 minutos de interrupção, com os carros parados no pit lane, efeito de um temporal.
"Foi a corrida mais louca que já disputei", afirmou Will Power, o vencedor da prova. "A pista oferece a chance de ultrapassagens, e isso é espetacular, é o que o público quer. Mas estava impossível guiar naquela água, o carro só aquaplanava."
Foi a segunda vitória do australiano da Penske na categoria. Ryan Hunter-Reay, da Andretti, ficou em segundo. O brasiliense Vitor Meira, da A.J. Foyt, foi o melhor piloto do país na prova, na terceira posição.
O trabalho no Anhembi foi pesado, e não só para os pilotos. Às 5h, operários encerravam a fresagem do piso do sambódromo, iniciada no fim da tarde de sábado. O portões para o público foram abertos às 7h40, com 40 minutos de atraso. Às 8h12, começou um treino para o reconhecimento do traçado.
As alterações na superfície de concreto foram aprovadas, e os carros voltaram à pista para definir o grid: pole do atual campeão, Dario Franchitti, seguido por Alex Tagliani, Justin Wilson, Hunter-Reay e Power.
Grid formado, piso da reta consertado, mas a corrida esteve muito longe de ser tranquila.
Pouco antes da largada, o céu escureceu sobre o Anhembi. O início foi retardado em sete minutos e, quando a disputa começou, durou só 18 segundos.
A mistura da poeira das obras na reta com a imprudência de alguns pilotos resultou em diversos acidentes. E em bandeira amarela, que durou 21 minutos, muito por conta da demora para a retirada dos carros.
A disputa foi retomada, mas de novo interrompida, por uma batida de Milka Duno, e paralisada de vez quando uma forte chuva atingiu o circuito.
Não havia a menor possibilidade de correr. Vários trechos ficaram alagados. E, para completar, faltou energia elétrica em alguns pontos do Anhembi.
Quando os carros voltaram à pista, Power fez valer seu carro mais acertado e superou Hunter-Reay na 58ª volta. Cinco minutos depois, com 14 voltas a menos do que as 75 programadas, mas no limite de duas horas, a corrida foi encerrada.
No pódio, a festa foi morna. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o governador José Serra ouviram vaias. E Power não entendeu quando, em vez do champanhe, recebeu uma caixa de leite longa vida -uma marca pagou pela ação.
Com expressão de frieza, ele desejou melhorias para a próxima edição. "Foi bom, mas, para 2011, sinceramente, espero que resolvam as ondulações e os problemas de drenagem."


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