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Indy repete drama paulistano
Prova no Anhembi segue roteiro de SP em dias de chuva, com alagamento, queda de energia e acidente
Após vencer corrida que teve quase 50% da disputa em bandeira amarela, piloto da Penske, em festa morna, estranha até leite no pódio
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
MARTÍN FERNANDEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
ANDREI SPINASSÉ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quedas de energia elétrica,
pontos de alagamento, paralisações, lentidão para resgate de
carros acidentados. A estreia
do circuito de rua de São Paulo,
no Anhembi, foi uma metáfora
da rotina da cidade.
Em 2h00min58s de disputa,
foram 61min18s de duelo aberto (50,7%) e 59min40s de bandeira amarela (49,3%), quando
há algum acidente na pista e as
ultrapassagens são proibidas.
A primeira edição da São
Paulo 300, primeira etapa da
temporada da Indy, teve ainda
34 minutos de interrupção,
com os carros parados no pit lane, efeito de um temporal.
"Foi a corrida mais louca que
já disputei", afirmou Will Power, o vencedor da prova. "A
pista oferece a chance de ultrapassagens, e isso é espetacular,
é o que o público quer. Mas estava impossível guiar naquela
água, o carro só aquaplanava."
Foi a segunda vitória do australiano da Penske na categoria. Ryan Hunter-Reay, da Andretti, ficou em segundo. O brasiliense Vitor Meira, da A.J.
Foyt, foi o melhor piloto do país
na prova, na terceira posição.
O trabalho no Anhembi foi
pesado, e não só para os pilotos.
Às 5h, operários encerravam a
fresagem do piso do sambódromo, iniciada no fim da tarde de
sábado. O portões para o público foram abertos às 7h40, com
40 minutos de atraso. Às 8h12,
começou um treino para o reconhecimento do traçado.
As alterações na superfície de
concreto foram aprovadas, e os
carros voltaram à pista para definir o grid: pole do atual campeão, Dario Franchitti, seguido
por Alex Tagliani, Justin Wilson, Hunter-Reay e Power.
Grid formado, piso da reta
consertado, mas a corrida esteve muito longe de ser tranquila.
Pouco antes da largada, o céu
escureceu sobre o Anhembi. O
início foi retardado em sete minutos e, quando a disputa começou, durou só 18 segundos.
A mistura da poeira das obras
na reta com a imprudência de
alguns pilotos resultou em diversos acidentes. E em bandeira amarela, que durou 21 minutos, muito por conta da demora
para a retirada dos carros.
A disputa foi retomada, mas
de novo interrompida, por uma
batida de Milka Duno, e paralisada de vez quando uma forte
chuva atingiu o circuito.
Não havia a menor possibilidade de correr. Vários trechos
ficaram alagados. E, para completar, faltou energia elétrica
em alguns pontos do Anhembi.
Quando os carros voltaram à
pista, Power fez valer seu carro
mais acertado e superou Hunter-Reay na 58ª volta. Cinco
minutos depois, com 14 voltas a
menos do que as 75 programadas, mas no limite de duas horas, a corrida foi encerrada.
No pódio, a festa foi morna. O
prefeito de São Paulo, Gilberto
Kassab, e o governador José
Serra ouviram vaias. E Power
não entendeu quando, em vez
do champanhe, recebeu uma
caixa de leite longa vida -uma
marca pagou pela ação.
Com expressão de frieza, ele
desejou melhorias para a próxima edição. "Foi bom, mas, para
2011, sinceramente, espero que
resolvam as ondulações e os
problemas de drenagem."
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