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ANÁLISE
Prova paulistana esteve sempre no fio da navalha
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Pista de rua é sinônimo de
improviso. Sempre foi assim.
A ideia é testar, mais do que a
velocidade pura ou a excelência
mecânica, a capacidade de
adaptação de pilotos e carros a
um meio estranho, a um ambiente "convencional", habitado por "pessoas normais".
Em Mônaco, mecânicos sofreram por décadas para empurrar os carros no meio do público, enfrentando ladeiras. Em
Toronto, em 1996, Jeff Krosnoff morreu ao decolar e acertar a cabeça numa árvore. Em
Salvador, cinco anos atrás, uma
curva teve de ser alterada porque era impossível de ser contornada pelos F-Renault.
O Anhembi também teve
seus improvisos, é claro, não foi
feito para a corrida de automóveis. Alguns funcionaram. Outros não deveriam nem ter sido
cogitados pela organização.
Basicamente, da pista para
fora não houve grandes problemas. Os que aconteceram no
sábado (confusões com estacionamento, pouca oferta de
água debaixo de calor intenso e
desinformação sobre os pontos
de acesso ao circuito) foram sanados para o domingo.
Mas o que ocorreu na pista
foi preocupante. A corrida esteve sempre no fio da navalha, no
limiar da responsabilidade.
Tony Cotman, contratado,
badalado e festejado pelos organizadores como alguém de
muita experiência na montagem de circuitos e com bom
trânsito na FIA, ficou três meses na cidade. Três meses em
que não faltou chuva forte.
Aparentemente, não foi dica
suficiente para que ele checasse a eficiência do sistema de
drenagem da "sua" pista.
A saída do sambódromo,
aquela mesmo que teve de receber fresagem de emergência
na noite de sábado porque era
impraticável para carros de
corrida, virou um lago.
As muitas ondulações, quase
lombadas, na recapeada avenida Olavo Fontoura não tinham
razão de ser, são injustificáveis.
Pista de rua é improviso, mas
sempre pode (e deve) ser melhorada. Aconteceu com corridas de Mônaco, Toronto, Salvador. Com tantas outras. Que
também seja o caso da no
Anhembi. Porque é necessário.
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