São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2010

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ANÁLISE

Prova paulistana esteve sempre no fio da navalha

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Pista de rua é sinônimo de improviso. Sempre foi assim.
A ideia é testar, mais do que a velocidade pura ou a excelência mecânica, a capacidade de adaptação de pilotos e carros a um meio estranho, a um ambiente "convencional", habitado por "pessoas normais".
Em Mônaco, mecânicos sofreram por décadas para empurrar os carros no meio do público, enfrentando ladeiras. Em Toronto, em 1996, Jeff Krosnoff morreu ao decolar e acertar a cabeça numa árvore. Em Salvador, cinco anos atrás, uma curva teve de ser alterada porque era impossível de ser contornada pelos F-Renault.
O Anhembi também teve seus improvisos, é claro, não foi feito para a corrida de automóveis. Alguns funcionaram. Outros não deveriam nem ter sido cogitados pela organização.
Basicamente, da pista para fora não houve grandes problemas. Os que aconteceram no sábado (confusões com estacionamento, pouca oferta de água debaixo de calor intenso e desinformação sobre os pontos de acesso ao circuito) foram sanados para o domingo.
Mas o que ocorreu na pista foi preocupante. A corrida esteve sempre no fio da navalha, no limiar da responsabilidade.
Tony Cotman, contratado, badalado e festejado pelos organizadores como alguém de muita experiência na montagem de circuitos e com bom trânsito na FIA, ficou três meses na cidade. Três meses em que não faltou chuva forte.
Aparentemente, não foi dica suficiente para que ele checasse a eficiência do sistema de drenagem da "sua" pista.
A saída do sambódromo, aquela mesmo que teve de receber fresagem de emergência na noite de sábado porque era impraticável para carros de corrida, virou um lago.
As muitas ondulações, quase lombadas, na recapeada avenida Olavo Fontoura não tinham razão de ser, são injustificáveis.
Pista de rua é improviso, mas sempre pode (e deve) ser melhorada. Aconteceu com corridas de Mônaco, Toronto, Salvador. Com tantas outras. Que também seja o caso da no Anhembi. Porque é necessário.


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