DA REPORTAGEM LOCAL

Após a conquista da medalha de ouro no Mundial indoor de sua pupila Fabiana Murer, o técnico Elson Miranda queixou-se da falta de estrutura adequada para treinamentos no Brasil. "É uma grande conquista do atletismo nacional e é fruto de um trabalho que vem crescendo gradativamente. Mas o resultado não condiz com a estrutura da modalidade no país", afirmou Miranda.
Com o início da reforma na pista de atletismo do Ibirapuera no ano passado, mais de cem atletas tiveram que procurar outros centros de treinamento.
A mudança atingiu também Fabiana Murer, que teve que transferir seus treinos para São Caetano, onde fica o local de atividades de sua equipe, a BM&F. Com isso, Murer, que mora na região do Ibirapuera, passou a ter que enfrentar um trânsito diário de cerca de duas horas para chegar aos treinos.
Antes do Mundial, tanto o treinador como a atleta demonstravam irritação com a mudança da rotina, que acaba se refletindo nos exercícios.
"Precisamos de mais espaço físico para fazer os treinamentos. Foi muito difícil fazer a preparação para o Mundial [indoor]", lamentou o treinador.
No início do ano, a situação era tão precária que o técnico e a atleta tiveram que fazer improvisações. Sem um equipamento adequado, chegaram a amarrar uma corda entre as árvores para estabelecer a altura que Murer deveria ultrapassar.
Agora, com a medalha de ouro da pupila, Miranda aproveita os holofotes para tentar melhorar as condições de treinamento da atleta no Brasil e para calar os críticos de Murer.
"Fabiana era a garota problema. Primeiro, ela teve problema com a vara na Olimpíada de Pequim. No ano passado, o problema foi com o colchão. Dessa vez, ela não teve problema nenhum e conquistou o ouro no Mundial", ressaltou o técnico.
Murer, por sua vez, adotou um discurso mais contido. "Minha vitória não é um cala-boca para ninguém. É só o resultado de um trabalho", disse ela, que pretendia comemorar sua conquista na festa de encerramento do Mundial. (JEM, MB E SM)


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