São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 2005

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PAINEL FC

Raridade
Casos como o do zagueiro Desábato são pouco comuns. Em 2004, só quatro pessoas cumpriram penas em SP por crime de injúria qualificada, o mesmo que o argentino é acusado de ter cometido contra Grafite. Nos quatro, foram aplicadas penas alternativas, não de reclusão.

Ex-amigos
Antes da confusão, Grafite e Desábato trocaram camisas no jogo na Argentina. Depois, o zagueiro do Quilmes rasgou elogios ao brasileiro. "É um jogador muito forte e rápido".

Hermanos
Torcedores do São Paulo se amontoaram em volta do 34º DP para hostilizar Desábato. Aos berros, chamavam o atleta do Quilmes de irmão de Tevez. Um dos irmãos do corintiano está preso na Argentina.

Racismo cordial
Não são só os argentinos que não vêem racismo em frases de caráter preconceituoso. Pesquisa do Datafolha em 95 revelou que 89% dos brasileiros dizem haver racismo no país, mas só 10% afirmam ser racistas. E 87% não viam racismo frases como "negro, quando não faz besteira na entrada, faz na saída".

Eco na capital
Paulo Paim (PT-RS), presidente da Subcomissão de Igualdade Racial do Senado, acionará o Ministério da Justiça no caso Desábato. O senador pedirá que seja encaminhado um protesto formal ao governo argentino. Precisa do crivo de Lula.

Herói
O Senado aprovou ontem um voto de solidariedade e louvor a Grafite por ter feito a denúncia. Ele será convidado em 13 de maio, Dia da Abolição da Escravidão, para participar de um debate sobre racismo na casa.

Cumplicidade
Após o caso, a Comissão de Direitos Humanos da OAB irá propor projeto de lei para punir times que tiverem atletas indiciados por crime de racismo.

Alivio
A definição da Guatemala como adversária do Brasil no próximo dia 27 evitou um atrito de integrantes da comissão técnica da seleção brasileira com a cúpula da CBF. Eles temiam passar pelo constrangimento de anunciar a convocação sem saber qual seria o rival. A lista, só com atletas que atuam no Brasil, será divulgada segunda-feira.

Tão perto, tão longe
As informações do Ministério Público-SP levam a crer que a MSI está no Brasil só para lavar dinheiro, mas não prova isso. A comprovação será muito difícil. A análise é de um especialista no assunto que teve acesso aos dados compilados pelo órgão. O fato de as operações serem feitas em diferentes países e a participação de "offshores" estão entre os complicadores.

Empate
O relatório revelado ontem no Ministério Público sobre a parceria foi comemorado pelos dois lados. A oposição corintiana afirma que o fato de o caso ser encaminhado para a esfera federal, com indícios de lavagem de dinheiro, prova que ela estava certa. A situação fala que nada de concreto foi provado.

Barrados
Conselheiros do Palmeiras reclamam que não são mais ouvidos pela diretoria de futebol. A ordem é do presidente Affonso della Monica. Eles querem sugerir contratações e dispensas. Mas o principal pedido é a demissão do técnico Candinho.

Cooperação
Alexander Chernoz, diretor geral do comitê da candidatura de Moscou aos Jogos Olímpicos de 2012, anunciou ontem no Rio um convênio com a cidade. Os russos levaram treinadores de futebol brasileiros para ensinar seus garotos. Em troca, enviaram técnicos de diversas modalidades olímpicas.

E-mail: painelfc.folha@uol.com.br

DIVIDIDA

De José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares e presidente da ONG Afrobrás, sobre a prisão de Desábato no estádio do Morumbi:
- Se a polícia quisesse mesmo combater o racismo, teria muito trabalho para ser feito, longe dos holofotes.

CONTRA-ATAQUE

Contra a dengue ou contra o time?

Não é raro um placar eletrônico ser usado para incentivar a torcida da equipe mandante.
Mas o contrário também já aconteceu -e em prejuízo da seleção brasileira.
Na Copa América de 1989, a Fonte Nova recebeu o grupo do Brasil na primeira fase.
Sob o comando de Sebastião Lazaroni, a seleção venceu a Venezuela por 3 a 1 na estréia. Mas saiu de campo vaiada porque o treinador não escalava Charles, ídolo do Bahia.
Nos duelos seguintes, o Brasil só empatou com Peru e Colômbia e voltou a ser alvo de apupos.
Quando a equipe mais tinha dificuldade no gramado, olhou para o placar eletrônico e viu uma frase da campanha contra a dengue, que acabou incentivando ainda mais os críticos.
"É o fim da picada", estampou o placar do estádio baiano.


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