|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Sol e escuridão no futebol
ROBERTO AVALLONE
ESPECIAL PARA A FOLHA
Faz sol aqui em Itatiba, onde
me recupero de um estresse.
Confesso que estou feliz. E o dia
promete ser glorioso não só com o
sol que me deixará mais moreno
mas também pela hidroginástica
-única atividade que suporto no
tal programa de emagrecimento.
Só que, como diz minha tia Dora, não há mal que sempre dure
ou bem que nunca acabe. Pronto:
já vem de novo a revolta pela destruição, gradativa, do futebol.
Bem, só para polemizar, vamos
aos dois lados dos assuntos desagradáveis para quem teve o privilégio de saborear a magia de Pelé,
a classe de Ademir da Guia ou os
dribles de Mané Garrincha.
1) A prisão de Leandro Desábato: justíssima a detenção do argentino pelo abominável racismo
mais uma vez demonstrado contra um brasileiro, no caso Grafite,
a quem chamou de "macaquito"
ou "negrito". Lembro, porém, que
em outros tempos isso já ocorreu e
que o delito foi punido de outra
forma. Cito Pelé, que, num jogo
diante do Boca Juniors, na Bombonera, foi alvo de tal crime e respondeu com um golaço. Tão belo
o gol que Pelé, sem choro nem vela, apenas teve como desforra a
façanha da bola nas redes argentinas e um passar de mão na cabeça do goleiro Antonio Roma.
Aqui se faz, aqui se paga. Assim
respondia Pelé, mas Pelé é Pelé,
Grafite é Grafite, embora, repito,
mereça a prisão o desbocado
Leandro Desábato.
2) A abominável agressão a Dida: sei lá se por ser negro, ou simplesmente goleiro do Milan, o
nosso titular da seleção foi duramente atingido por rojões e, desencantado, disse que, "se alguém
tiver como ajudar o futebol, será
bem-vindo".
Ele tem razão, assim como Waldir Perez, enquanto goleiro do
São Paulo, em meados dos anos
70, ao levar pedradas na cabeça
em um jogo da Libertadores
diante do Independiente, em Avellaneda, ou como o heróico e injustiçado Veludo, goleiro que salvou o Brasil de uma derrota para
o Paraguai, em Assunção. A partida ficou conhecida como "A
Noite das Garrafadas", sendo que
uma das garrafas atingiu a cabeça do negro Veludo, mas nenhum
arremate paraguaio atingiu as
nossas redes.
Enfim, parece, à distância, que
pouca coisa mudou. Ou melhor:
mudou, mas na Europa, onde a
esportividade já foi tão grande
que, na final da Copa de 58, os
suecos enxugaram o campo, num
gesto cortês, antes de serem massacrados pelo Brasil por 5 a 2, dois
gols de Vavá, dois gols de Pelé e
outro do tão combatido Zagallo
(este, um ponta-esquerda que tinha como missão ajudar o meio-campo e fazer a cobertura do
magnífico Nilton Santos, lateral
moderno demais para a época).
Enfim, está aumentando a violência no mundo. O que lamento.
Ou já não bastam as ações de assaltantes e seqüestradores que enchem a nossa paciência no Brasil?
Mas tudo há de mudar. Afinal
de contas sou um idealista. O que
significa otimista.
Palestra, Dio Mio!
Acompanho os jornais e vejo o
São Paulo campeão, o Santos
com os planos depois da venda
de Robinho, o Corinthians
montando um superesquadrão
-apesar das denúncias de lavagem de dinheiro. E o Palmeiras, meu Deus!, e o Palmeiras
dos meus amigos Gustavo e
Aleixo, do meu filho Caio, da
minha tia Dora. Nada, pois que
só Juninho Paulista é pouco.
Ah, senhor Contursi, que mal o
Palmeiras lhe fez para o senhor
deixá-lo à mercê de um novo
rebaixamento? Que pena: o
consolo foi ter visto, no começo
da semana, no Bar do Elias, as
fotos dos esquadrões palestrinos de outros tempos. Doces
lembranças, amargas cenas do
presente. Melhor é ficar no spa
mais alguns dias, preparando-me para estrear na Band.
E-mail avallone@avallonecomunicacoes.com.br
Roberto Avallone é jornalista
Excepcionalmente hoje não é publicada
a coluna de Mário Magalhães
Texto Anterior: Boxe - Eduardo Ohata: Próxima parada de Tyson Próximo Texto: Taekwondo: Sonhadora ganha 1º ouro em Mundiais Índice
|