São Paulo, sábado, 15 de abril de 2006

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Brasileiro exibe nova cara dentro e fora do gramado

Com 20 times, principal torneio do futebol nacional larga hoje renovado no modo de disputa, nas punições por racismo e nos bancos de reservas

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Eu quero levar uma vida moderninha..." O Brasileiro ganha neste ano uma cara ainda mais européia, uma face bem diferente daquela que pautou quase toda a trajetória do principal campeonato do país. Dentro e fora de campo, vários elementos apontam para uma nova ordem no torneio que começa hoje com dois jogos.
O exemplo maior de adequação do Brasileiro às principais ligas nacionais européias é o sistema de disputa. Os pontos corridos permanecem e já vão para o quarto ano seguido, enterrando de vez a era em que os regulamentos eram radicalmente modificados de um ano para o outro. Porém agora são só 20 times na primeira divisão, como nos badalados campeonatos de Espanha e Inglaterra.
Os torcedores do país se acostumaram nos últimos anos a ver asteriscos nas tabelas do campeonato, mas, com a saída de Luiz Zveiter da presidência do STJD, há uma expectativa de que essa prática seja brecada. O Brasileiro, porém, deve ampliar neste ano seu leque de punições, indo além das perdas de mando de campo por invasão de torcida ou por arremesso de objetos no gramado.
Antes mesmo de determinação da Fifa às federações nacionais, a CBF já tinha arquitetado plano de punição rigorosa para casos de manifestações racistas. Pela primeira vez, clubes poderão perder pontos na tabela ou sofrer eliminação por práticas de racismo.
O troféu instituído em 1993 para o Nacional saiu de cena com a terceira conquista corintiana no período. Agora, além de nova taça, há a oficialização de um parceiro comercial para a cobiçada peça. A Nestlé, que ajuda a elevar a média de público do campeonato ""comprando" ingressos de vários jogos do torneio, virou espécie de Toyota da Libertadores e do Mundial de Clubes para o Brasileiro.
Em campo, a nova ordem do Nacional fechou as portas pela primeira vez para o Atlético-MG, o primeiro campeão do torneio e time que historicamente comandou a lista de maiores pontuadores da disputa. Hoje, São Paulo e Inter, exemplos de times bem estruturados, brigam pelo topo dos rankings estatísticos e pelo título nacional com endinheirados rivais, caso do Corinthians, e emergentes adversários, como o Goiás.
Rebaixado, o Atlético-MG é só um dos símbolos do velho Nacional que foram abandonados. A Bahia segue fora da elite. Antônio Lopes, Evaristo de Macedo e Carlos Alberto Torres, técnicos veteranos que trabalharam na edição passada, foram escanteados. Vanderlei Luxemburgo puxa a fila de treinadores ""moderninhos", que usam cada vez mais tecnologia e três zagueiros, tática outrora repudiada no país. Romário, artilheiro de 2005, deixou o Vasco, mesmo que por alguns meses.
Apesar da dificuldade financeira dos clubes, a disputa está recheada de estrangeiros, alguns como grandes destaques. Na edição passada, foram exaltados na pioneira eleição da CBF de melhores da disputa o argentino Tevez, o paraguaio Gamarra, o sérvio Petkovic e o uruguaio Lugano.
Não é liga européia, mas, tal qual os certames do velho continente, não terá atividade na Copa. E poderá ser visto até na China.


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