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Anúncio tem telão, cartas, Kafka e frases de efeito
da Reportagem Local
Frases de efeito, depoimentos em
telões, citações de livros e distribuição de cartas de torcedores.
Tudo isso fez parte da entrevista
coletiva concedida ontem pela cúpula da FPF (Federação Paulista de
Futebol) para explicar, entre outras coisas, a divulgação de um público pagante em 12 jogos superior
à capacidade dos estádios.
Erguendo o livro "O Processo",
do escritor tcheco Franz Kafka
(1883-1924), o vice-presidente de
comercialização da FPF, Edgard
Soares, disse ver semelhança entre
a federação e o personagem Joseph
K., que se vê alvo de perseguições
ou punições sem saber o motivo.
A referência dizia respeito aos
questionamentos feitos à entidade
sobre as médias de público do Paulista que vinham sendo divulgadas.
Como mostrou a Folha anteontem, a federação está divulgando,
em anúncios nos jornais, uma média de público "fantasia", que não
corresponde ao verdadeiro número de pessoas presentes nos jogos
do Paulista -e que nem cabem
nos estádios.
Para corroborar o que dizia, Soares apresentou, em um telão, depoimentos de publicitários elogiando o torneio.
Um deles foi Celso Loducca, presidente e diretor de criação da Lowe Loducca, agência de publicidade que patrocina o Rio Branco, um
dos participantes do torneio.
Aos jornalistas, Farah distribuiu
cartas que lhe teriam sido enviadas
por torcedores.
Numa delas, o signatário, identificado como Clériton Marcos Moraes, diz ter sabido que Farah estava "com um projeto de se candidatar à presidência da CBF. Acho que
o que falta à CBF é alguém que saiba ajudar os times de futebol. Vejo
essa ajuda (na) que foi dada ao Corinthians, que recebeu o jogador
Marcelinho pelo custo zero".
"O senhor, com suas fantásticas
idéias, conseguiu levar o Campeonato Paulista aos céus do futebol
brasileiro", afirma a carta dirigida
a Farah.
O presidente da federação comparou os jogos do torneio a um
show do tenor Luciano Pavarotti
para explicar por que não pagará a
cota integral aos "grandes" que
utilizarem os chamados times
"mistos" no Paulista.
"É a mesma coisa que estivéssemos contratando o Pavarotti para
cantar no Morumbi, e chegasse o
Zé da Cuia. A federação não vai pagar R$ 600 mil para o Zé da Cuia."
O presidente da entidade, no entanto, mencionou critérios subjetivos para definir o que será considerado time misto. "Eu não sou dirigente de gabinete. Eu conheço as
equipes de futebol", afirmou.
E, enquanto elogiava o Paulista,
Farah criticou o Torneio Rio-São
Paulo, dizendo que a federação
não mais participará do torneio, a
não ser que possa organizá-lo e determinar seu regulamento -o
campeão da última edição, o Vasco, do Rio, faltou a uma partida.
"E, se os clubes participarem, eu
vou embora daqui. Vou descansar.
Já terminei a sede. Fiz tudo", declarou Farah.
(PC e RD)
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