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Vinho tinto é segredo de
"velhinhos-sensação' no RS
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre
Uma equipe de veteranos está
chamando a atenção no atual
Campeonato Gaúcho. O time do
Veranópolis, da cidade de mesmo
nome, tem idade média de 30 anos
e lidera a chave 1 da competição.
Para os gaúchos, não é coincidência esse bom time de "velhinhos" ser justamente de Veranópolis -a cidade é conhecida como
a "capital da longevidade". Nesse
município de apenas 18 mil habitantes, as pessoas vivem muito.
A cidade, localizada na serra gaúcha (156 km ao norte de Porto Alegre), se notabilizou no início dos
anos 80, quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) registrou-a
como a de maior longevidade da
população no Brasil e terceira colocada no mundo.
Para seus habitantes, o grande
segredo da vida longa é um hábito
simples que está incorporado à rotina dos jogadores do Veranópolis:
o de tomar vinho tinto.
Eles garantem que a bebida,
quando tomada cotidianamente,
resulta em maior resistência, juvenilidade e boa saúde.
Apesar da elevada média de 30
anos de idade, o Veranópolis está
em sua chave à frente do Juventude, de Caxias do Sul, o atual campeão gaúcho.
Na chave 2, o líder é o Internacional, e, na chave 3, o Grêmio.
²
Vinho e treinamento
O time é a grande novidade do
futebol gaúcho.
O vinho tinto, reconhecem no
clube, é parte do segredo.
"É, ajuda, mas o principal é o trabalho que fazemos", tenta desconversar o supervisor do clube, Inocêncio Bassani.
Mas reconhece: "O pessoal toma
um cálice de vinho tinto nas refeições, especialmente no almoço. A
gente costuma tomar o vinho da
Cooperativa Noé, que é daqui".
A serra gaúcha produz quase todo o vinho brasileiro.
Em municípios como Bento
Gonçalves e Veranópolis, a comunidade tem o costume de consumir vinho caseiro, hábito introduzido pelos fundadores da cidade,
de origem italiana.
Do time titular, os jogadores naturais de Veranópolis, como o lateral-esquerdo Joel Cavalo, 29, o volante Joel Marcos, 32, e o atacante
Zé Roberto, 33, dão o exemplo no
consumo do vinho -mas, garantem, com muita moderação.
Jogadores de outros Estados, como o paranaense Toninho, 30, e o
goiano Evandro, 33, vêem na cidade gaúcha a oportunidade de aliar
prazer e boa forma.
Enquanto, da população brasileira com mais de 65 anos, apenas
2% passa dos 80, em Veranópolis
esse índice chega a 20%.
Nos últimos cinco anos, foi registrada apenas uma morte por isquemia coronariana no município, por exemplo. Há estudos hoje
que sustentam que o hábito de tomar um pouco de vinho (um cálice) durante as refeições reduz a incidência de problemas cardíacos.
Além do "consumo moderado
de vinho", a longevidade em Veranópolis é atribuída pelo geriatra
Emílio Moriuguchi a outros costumes tidos por ele como saudáveis:
"Execução de atividades físicas regulares, ingestão correta de proteínas e gorduras, integração da comunidade, vida familiar, despreocupação com a morte oriunda da
fé em Deus, gosto pelo trabalho e
não fumar".
Esses pontos são resultado de um
estudo realizado em 1994 na cidade pelo próprio Moriuguchi, chefe
do setor de geriatria do Hospital
São Lucas, com apoio da OMS.
Naturalmente, o time que está
surpreendendo os gaúchos pode
somar várias condições propícias à
prática do futebol -o condicionamento físico, a alimentação de
qualidade, o ar saudável da montanha, sem esquecer, é claro, o bom
vinho da região.
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