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AUTOMOBILISMO
Em Barcelona, espanhol da Renault vence para mais de 130 mil torcedores e pulveriza reação da Ferrari
Alonso dispara e decepciona Schumacher
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA
Fernando Alonso e Michael
Schumacher não precisariam dizer nada. As expressões em suas
faces após o GP da Espanha, ontem, traduziam a história da prova, sexta etapa do Mundial de F-1.
O espanhol ostentava um sorriso aberto, fácil, um quê de surpresa. O alemão exibia uma carranca,
o semblante fechado, carregado
de decepção, em choque.
E ambos tinham seus motivos.
A alegria de Alonso contava
uma história de contornos épicos:
responsável pela onda de F-1 que
toma seu país, o espanhol apostou
numa estratégia de risco e colheu
resultado melhor do que imaginava. Com facilidade, venceu pela
primeira vez em casa, causando
uma explosão de vibração nas arquibancadas do autódromo, lotadas por 131.200 fãs.
O choque de Schumacher narrava a história de quem escorregou quando tentava executar seu
maior salto. Esbanjando otimismo antes da largada, o alemão,
perplexo, viu Alonso sumir à sua
frente durante o GP. "Simplesmente não fomos rápidos o suficiente hoje [ontem]", admitiu.
Foi a terceira vitória do espanhol nesta temporada e a 11ª na
carreira, o que o iguala a Jacques
Villeneuve e, na F-1 atual, só o deixa atrás do recordista, Schumacher (86) e de David Coulthard
(13). Foi, ainda, o 12º pódio consecutivo do piloto da Renault.
Schumacher, que largou em terceiro, cruzou a linha de chegada
em segundo. Giancarlo Fisichella,
companheiro de equipe do espanhol, completou o pódio.
Os dois brasileiros marcaram
pontos. Felipe Massa foi o quarto
e Rubens Barrichello, o sétimo.
Tanto a surpresa de Alonso como a decepção de Schumacher tinham relação com o que acontecera na véspera em Barcelona.
No treino oficial, a Renault garantiu a primeira fila no grid, com
Alonso e Fisichella, e a Ferrari tomou as posições seguintes.
Mesmo atrás, Schumacher e
Massa desfilaram discursos mais
otimistas que os dos rivais. Com
mais gasolina no tanque e confiantes no desempenho dos
pneus, os dois ferraristas tinham
como certa uma virada ontem, o
que seria a terceira vitória consecutiva do alemão na temporada.
Não contavam, porém, com desempenho tão forte da Renault.
Saindo na pole, Alonso não foi
ameaçado em nenhum momento. Na quinta volta, tinha 4s253
sobre Fisichella, que separava-o
de Schumacher. Na décima, a folga já era de 7s276. Na 16ª, uma antes do primeiro pit, de 10s099.
Schumacher até tentou cumprir
o plano de cravar tempos voadores entre os pits da Renault e o dele -Fisichella parou na 18º. Até a
23ª volta, acelerou o máximo que
podia, tentando ganhar terreno
para tomar a liderança.
Mestre nesse golpe, ontem colheu pouco. Seu único lucro foi
ganhar a posição de Fisichella.
A partir de então, a corrida tornou-se monótona, com Alonso
disparado na frente e sem disputas por posições intermediárias.
Com o resultado, Schumacher
volta a ver o espanhol abrir 15
pontos na liderança do Mundial.
Mas a razão do mau humor foi
ver em xeque a reabilitação que a
Ferrari começava a ensaiar.
Quanto a Alonso, frases otimistas, promessas de outras vitórias,
agradecimentos ao público. Mas,
mais uma vez: sua expressão falava tudo. E para os torcedores que
não podiam ouvi-lo ou vê-lo, as
caixas de som do autódromo se
encarregaram de verter seu sentimento. Bombavam Rolling Stones: "(I can't get no) Satisfaction".
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