São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2008

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Ronaldinho é ironizado por juiz

Magistrado que condenou atleta do Barcelona em ação cita "falta de instrução e desleixo" do jogador

Meia-atacante não teria pago por projeto de iluminação feito por arquiteta para duas casas de sua propriedade no Sul

FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O meia-atacante Ronaldinho e o seu irmão e empresário, Roberto Assis Moreira, foram condenados pela Justiça do Rio Grande do Sul a pagar dívida que hoje seria de R$ 80 mil para a arquiteta Maria Cristina Maluf Gardolinski. Cabe recurso.
A decisão, à qual a Folha teve acesso, foi proferida no final do mês passado pelo juiz substituto Alex Gonzalez Custódio, e não poupa críticas à dupla.
"Para o Poder Judiciário, Roberto [Assis] e Ronaldo são pessoas tão comuns quanto o gari que recolhe os dejetos na frente do Fórum!!!!!".
A arquiteta foi contratada em 2001 para realizar um projeto de iluminação interna e externa de duas casas que foram construídas pelos irmãos, no bairro Cavalhada, na zona sul da capital gaúcha.
Seu trabalho, porém, não foi aprovado, e ela nunca recebeu os honorários.
Maria Cristina entrou na Justiça em 2004, pedindo cerca de R$ 28 mil -R$ 23 mil dos honorários e R$ 5.300 que gastou para levar um especialista de Campinas (SP) para ajudá-la. Corrigidos aos dias atuais, o valor cresce para R$ 56 mil.
Na sentença, o juiz critica a falta de cuidado dos irmãos com a obra. "Saliento que embora sejam pessoas abastadas, demonstram sua total falta de preocupação, e por que não dizer de instrução, ao deixar desleixada a organização e a construção de suas residências", continua Custódio, referindo-se ao fato de os dois estarem na Europa enquanto as casas eram construídas.
O texto continua: "A execução do projeto das casas dos requeridos era uma total desorganização. Diz o ditado gauchesco, que "é o olhar do dono que engorda o boi", significando que as coisas somente andam de forma regular se o proprietário da coisa estiver por perto.... Assim, estando tanto Assis como Ronaldinho Gaúcho na Europa, a obra andava conforme a canoa sem leme no rio, ia de acordo com a correnteza das águas".
Sobre o fato de a arquiteta não ter sido paga, diz: "Não se promete honorários!!!!! Paga-se após a contratação". E conclui: "Ou será que Assis cederia Ronaldinho Gaúcho ao Paris Saint Germain sem receber sua comissão????? Ou Ronaldinho Gaúcho deixaria de ir para o Barcelona se não recebesse as luvas pela transferência????".
Quanto mais demorar a ser paga, maior será a dívida caso a condenação dos irmãos se concretize em última instância -incidem sobre o valor juros e correção monetária.
Paulo Neves, advogado de Ronaldo e Assis, informou que vai entrar com recuso assim que a conclusão for publicada. Segundo sua avaliação, o texto que fundamenta a decisão do juiz está fora de padrão e a sentença, equivocada.
O juiz acrescentou 20% no valor da dívida, sob alegação de "litigância de má-fé" dos irmãos, que durante todo o processo negaram a contratação formal da arquiteta -afirmam que só pediram um orçamento.
A conclusão de Custódio baseou-se no depoimento do arquiteto responsável pela obra, Carlos Ramella, que "resume em tudo a pretensão da autora, pela procedência de seu pedido, e ausência de seriedade e veracidade nas alegações dos requeridos".
O juiz também determinou o acréscimo de 20% para os honorários dos advogados.
Tudo começou em dezembro de 2001, quando Carlos Ramella procurou Maria Cristina, em nome de Assis e Ronaldinho. O próprio Assis teria se encontrado com a arquiteta, segundo a sentença.
O advogado e marido da arquiteta, André Henrique Gardolinski, diz que, na ocasião, Assis pedia que o projeto fosse feito com o "crème de la crème" do mundo da iluminação.
Depois de seis meses de trabalho, o projeto de Cristina foi negado por Ramella e Assis, que alegavam custos elevados.
Ronaldinho não participou da negociação, pois já estava jogando na Europa, mas havia nomeado Assis como seu procurador e portanto respondia por 50% da obra.


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