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Ronaldinho é ironizado por juiz
Magistrado que condenou atleta do Barcelona em ação cita "falta de instrução e desleixo" do jogador
Meia-atacante não teria pago por projeto de iluminação feito por arquiteta para duas casas de sua propriedade no Sul
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O meia-atacante Ronaldinho
e o seu irmão e empresário, Roberto Assis Moreira, foram
condenados pela Justiça do Rio
Grande do Sul a pagar dívida
que hoje seria de R$ 80 mil para
a arquiteta Maria Cristina Maluf Gardolinski. Cabe recurso.
A decisão, à qual a Folha teve
acesso, foi proferida no final do
mês passado pelo juiz substituto Alex Gonzalez Custódio, e
não poupa críticas à dupla.
"Para o Poder Judiciário, Roberto [Assis] e Ronaldo são
pessoas tão comuns quanto o
gari que recolhe os dejetos na
frente do Fórum!!!!!".
A arquiteta foi contratada
em 2001 para realizar um projeto de iluminação interna e
externa de duas casas que foram construídas pelos irmãos,
no bairro Cavalhada, na zona
sul da capital gaúcha.
Seu trabalho, porém, não foi
aprovado, e ela nunca recebeu
os honorários.
Maria Cristina entrou na
Justiça em 2004, pedindo cerca de R$ 28 mil -R$ 23 mil dos
honorários e R$ 5.300 que gastou para levar um especialista
de Campinas (SP) para ajudá-la. Corrigidos aos dias atuais, o
valor cresce para R$ 56 mil.
Na sentença, o juiz critica a
falta de cuidado dos irmãos
com a obra. "Saliento que embora sejam pessoas abastadas,
demonstram sua total falta de
preocupação, e por que não dizer de instrução, ao deixar desleixada a organização e a construção de suas residências",
continua Custódio, referindo-se ao fato de os dois estarem na
Europa enquanto as casas
eram construídas.
O texto continua: "A execução do projeto das casas dos requeridos era uma total desorganização. Diz o ditado gauchesco, que "é o olhar do dono
que engorda o boi", significando que as coisas somente andam de forma regular se o proprietário da coisa estiver por
perto.... Assim, estando tanto
Assis como Ronaldinho Gaúcho na Europa, a obra andava
conforme a canoa sem leme no
rio, ia de acordo com a correnteza das águas".
Sobre o fato de a arquiteta
não ter sido paga, diz: "Não se
promete honorários!!!!! Paga-se após a contratação". E conclui: "Ou será que Assis cederia
Ronaldinho Gaúcho ao Paris
Saint Germain sem receber sua
comissão????? Ou Ronaldinho
Gaúcho deixaria de ir para o
Barcelona se não recebesse as
luvas pela transferência????".
Quanto mais demorar a ser
paga, maior será a dívida caso a
condenação dos irmãos se concretize em última instância
-incidem sobre o valor juros e
correção monetária.
Paulo Neves, advogado de
Ronaldo e Assis, informou que
vai entrar com recuso assim
que a conclusão for publicada.
Segundo sua avaliação, o texto
que fundamenta a decisão do
juiz está fora de padrão e a sentença, equivocada.
O juiz acrescentou 20% no
valor da dívida, sob alegação de
"litigância de má-fé" dos irmãos, que durante todo o processo negaram a contratação
formal da arquiteta -afirmam
que só pediram um orçamento.
A conclusão de Custódio baseou-se no depoimento do arquiteto responsável pela obra,
Carlos Ramella, que "resume
em tudo a pretensão da autora,
pela procedência de seu pedido, e ausência de seriedade e
veracidade nas alegações dos
requeridos".
O juiz também determinou o
acréscimo de 20% para os honorários dos advogados.
Tudo começou em dezembro
de 2001, quando Carlos Ramella procurou Maria Cristina,
em nome de Assis e Ronaldinho. O próprio Assis teria se
encontrado com a arquiteta,
segundo a sentença.
O advogado e marido da arquiteta, André Henrique Gardolinski, diz que, na ocasião,
Assis pedia que o projeto fosse
feito com o "crème de la crème" do mundo da iluminação.
Depois de seis meses de trabalho, o projeto de Cristina foi
negado por Ramella e Assis,
que alegavam custos elevados.
Ronaldinho não participou
da negociação, pois já estava jogando na Europa, mas havia
nomeado Assis como seu procurador e portanto respondia
por 50% da obra.
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