São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2008

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Número 1, Henin surpreende e pára

Primeira a se aposentar como líder do ranking, belga diz que é melhor sair no topo e não ter nenhum arrependimento

Tenista de 25 anos deixa as quadras imediatamente e não vai defender título de Roland Garros nem o ouro olímpico em Pequim

FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

A belga Justine Henin seguiu à risca o conselho de sair de cena no auge da carreira.
A tenista anunciou ontem, aos 25 anos e no topo do ranking mundial, a aposentadoria.
"Estou me aposentando como número um do mundo. É sempre melhor sair no topo. Saio sem nenhum arrependimento e acho que é a decisão certa", afirmou Henin, a única tenista a deixar as quadras como líder do ranking.
"É raro que um atleta se aposente no auge da forma atualmente, mas Justine sempre agiu de acordo com as próprias convicções", disse o presidente da WTA (Associação das Mulheres Tenistas), Larry Scott.
O anúncio de Henin causou grande impacto no mundo do tênis pelo fato de ter efeito imediato. Ela não defende nem o título de Roland Garros (onde venceu quatro vezes nos últimos cinco anos) nem o ouro olímpico (em Atenas-04, foi responsável pela única medalha dourada de seu país).
"Se paro agora posso lembrar da minha carreira com um sorriso. Se espero três meses, poderia me arrepender", afirmou a belga, dona de 41 títulos, sendo sete de Grand Slam.
"É obviamente um choque para o mundo do tênis", disse o líder do ranking, Roger Federer. "Particularmente é uma surpresa pois acontece antes especialmente de Wimbledon, que ela nunca ganhou. Mas ela deve ter tido suas razões."
Henin disse que construiu toda sua carreira baseada na emoção e que não sentia mais essa emoção desde o Masters de Madri, que ela venceu em novembro do ano passado.
"Em Madri, eu senti que atingi o ápice da minha carreira."
O título no torneio que reúne as oito melhores do ano encerrou uma temporada fantástica.
Em 2007, ela conquistou dez títulos (melhor desempenho de uma tenista desde 1997, quando Martina Hingis conquistou 12) e superou com folga o recorde de premiação, com US$ 5,36 milhões -foi a primeira vez que a barreira dos US$ 5 milhões foi ultrapassada.
Neste ano, a belga conquistou dois títulos (Sydney e Antuérpia), mas caiu nas quartas-de-final no Aberto da Austrália.
Na semana passada, após um mês afastada por lesão, caiu nas oitavas-de-final diante de Dinara Safina em Berlim. "Ao final do jogo, [a aposentadoria] ficou evidente. Decidi parar de me enganar e aceitá-la."
A retirada acontece pouco antes de um evento particularmente significativo para ela.
Em 1992, com sua mãe, Françoise, morta quando ela era adolescente, assistiu à final de Roland Garros de 1992 e prometeu que "um dia venceria lá".
"Paro antes de Roland Garros porque me questionei se poderia jogar um torneio melhor do que o do ano passado e percebi que não", afirmou ela.
Sobre Wimbledon, onde foi finalista duas vezes, disse que vencer lá não a faria mais feliz.
Uma das menores tenistas do circuito, com 1,67 m, Henin conquistou seu primeiro Roland Garros ao interromper a hegemonia das irmãs Venus e Serena Williams, que vinham dividindo os títulos dos grandes torneios com seu estilo de jogo baseado na força.
"Foi uma grande rival. Sempre se propunha a jogar seu melhor independentemente das circunstâncias. Foi uma lutadora", disse Venus, de 1,85 m.
"É um dia díficil, tanto para Justine como para mim", afirmou o técnico Carlos Rodriguez, que orienta Henin desde que ela tinha 14 anos e chorou bastante no anúncio ontem.


Com agências internacionais

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