São Paulo, sábado, 15 de maio de 2010

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Custeio de arenas agora é prioridade

Comitê da Copa-14 tira foco da parte técnica, aprova 7 projetos e exige garantias econômicas para tirar estádios do papel

Sedes devem ter dificuldade para viabilizar obras uma vez que, segundo o BNDES, só quatro cidades pediram financiamento ao banco

Sergio Moraes/Reuters
Fachada do estádio do Maracanã, no Rio, que abrigou a decisão da Copa de 1950, quando o Brasil perdeu do Uruguai, e é o palco indicado para a final do Mundial-2014

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
THIAGO BRAGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Comitê Organizador Local (COL) da Copa de 2014 mudou o foco de suas cobranças.
Antes centrada nas críticas aos projetos dos estádios, principalmente o do Morumbi, a entidade agora volta suas preocupações para como as arenas do Mundial serão custeadas.
Em apenas duas semanas, o COL aprovou projetos de sete sedes: Porto Alegre, Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Cuiabá, Manaus e Curitiba. O projeto do Maracanã deve ser aprovado nos próximos dias.
A medida visa a agilizar o andamento das obras, que, segundo cronograma da Fifa e do próprio COL, estão atrasadas.
"A partir do momento que os projetos são aprovados, acaba essa discussão de se é necessário aumentar a arquibancada ou rebaixar o campo e começa efetivamente o projeto de obra", afirmou ontem Ricardo Teixeira, presidente do COL.
O comitê concedeu um prazo de 30 dias para que cada uma das sedes apresente garantias de que a obra sairá do papel.
"Aquelas sedes que não provarem a viabilidade econômica para o estádio estarão fora do processo", ameaçou Teixeira.
Ele, no entanto, refutou a possibilidade de redução do número de sedes. "Não há nenhum pensamento imediato da Fifa, nem para o futuro, de o Brasil ter menos que 12 sedes."
Há a possibilidade, contudo, de que haja substituição das cidades que não apresentarem um plano de viabilidade econômica. Nesse caso, Goiânia e Belém, candidatas eliminadas da disputa por 2014 na fase de seleção, são possíveis substitutas.
Não será tarefa fácil para algumas sedes apresentar em um mês garantias para as obras. A linha de crédito oferecida pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é a principal fonte de custeio da maioria dos estádios, sobretudo dos públicos.
Mas, segundo o banco, somente quatro cidades apresentaram um pedido formal de financiamento: Manaus, Fortaleza, Salvador e Cuiabá.
A capital amazonense, que receberá a visita de representantes do BNDES na terça, foi a primeira a solicitar o empréstimo (R$ 400 milhões), em 5 de março, e deve ter o crédito liberado até o final deste mês.
Cuiabá, que só apresentou sua carta-consulta ontem, não deve conseguir apresentar ao COL a verba do BNDES como garantia para o Verdão. O banco deve levar, pelo menos, três meses para liberar os recursos.
"Não dependemos da linha de crédito. O governo de Mato Grosso já incluiu no orçamento R$ 250 milhões ao ano [R$ 1 bilhão até 2014] para as obras da Copa", disse Adilton Sachetti, presidente da comitê de Cuiabá. "Mas, se o BNDES liberar o financiamento para o estádio, podemos aplicar nossa verba em outras obras da Copa."
O Morumbi, por sua vez, depende de um empréstimo de R$ 150 milhões do banco para que seja adaptado para o Mundial. O São Paulo ainda patina nas negociações com o BNDES.
Concorrente à abertura do Mundial, Brasília abdicou do crédito do banco. Para bancar os R$ 700 milhões da reforma do Mané Garrincha, o governo do Distrito Federal apostará na venda de terras públicas.
Já o governo de Minas Gerais afirmou, por nota, que enviou pedido oficial, em março, ao BNDES. A apresentação do modelo de custeio do Mineirão ao COL pode ser um problema, pois o financiamento deverá ser utilizado pelo consórcio que vencer a licitação, ainda a ser aberta, para o modelo de gestão compartilhada do estádio.



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