São Paulo, domingo, 15 de junho de 2008

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JUCA KFOURI

Crescer para reaparecer


Dois técnicos gaúchos, Dunga e Mano Menezes, diante da encruzilhada que leva ao sucesso ou ao fracasso

EM VEZ da redenção, a frustração. A segunda divisão. É o que restou ao Corinthians.
Buscar os culpados é fácil e, normalmente, dá errado. Que o comando do clube não tem o mínimo de serenidade e de credibilidade é notório. A indigência intelectual dos cartolas corintianos também salta aos olhos.
Mas parece claro que a melhor coisa que a atual gestão fez foi trazer Mano Menezes. Razão pela qual nada justifica que ele, temeroso de começar a ouvir em São Paulo o que cansou de ouvir no Rio Grande do Sul em relação ao seu conservadorismo sempre que joga fora de casa, busque na arbitragem o bode expiatório. Simplesmente porque não é verdade. Longe disso.
Faltou equilíbrio, faltou coragem e faltou futebol ao Corinthians no Recife. O Sport foi melhor.
A Série B com uma vaga na Libertadores seria uma coisa que, bem trabalhada, poderia ser até uma festa permanente. Sem a vaga, porém, a Série B volta a ser simplesmente aquilo que é: a segunda divisão.
Voltar à primeira é questão que, para o Corinthians e só para ele neste 2008, nem se discute, é rigorosamente obrigatória. E agora é hora de juntar os cacos mais uma vez e crescer.
Crescer para aparecer, para reaparecer no cenário do futebol com um mínimo de respeitabilidade, o que exige postura, e não choro, autocrítica, e não desculpas, verdades, e não falácias.
Este é o verdadeiro desafio para Mano Menezes, muito mais que subir para a Série A. E por mais que ele se sinta solitário, sob um bando de medíocres, nem isso é novidade, porque, se no Grêmio o presidente tem outro nível, o vice de futebol era da mesma laia dos que o cercam no Parque São Jorge.
Xingar o árbitro não resolve, como ficar muito próximo de empresários de atletas é perigoso.

Os dias de Dunga
Perder para a Venezuela seria apenas ridículo como foi quando, com Luiz Felipe Scolari, a seleção brasileira perdeu para Honduras. (E depois deu no que deu).
Ficou mais que vexatório porque horas antes Dunga esnobara Kaká, cuja personalidade de mauricinho não casa com a do treinador.
Mas cujo futebol ele não pode nem pensar em dispensar.
Dunga é um poço de problemas. Porque seu trabalho na seleção, ou, ao menos, seus resultados até aqui são muito melhores do que suas entrevistas. Que são tão previsíveis e desastradas que melhor seria se a CBF tratasse de torná-las menos freqüentes, mesmo que a imprensa proteste. Porque comandar a seleção é uma coisa, ser porta-voz é outra, e a cabeça de Dunga é ainda muito mais de boleiro do que de treineiro para o bem e para o mal.
A exemplo do conterrâneo Mano Menezes, Dunga tem muito a crescer, precisa também tomar certos cuidados e não deve achar que tem o monopólio do patriotismo, pois, definitivamente, não tem.
E tem de engolir Kaká.

Que farra!
Li bem nesta Folha? R$ 80 milhões de dinheiro público para a candidatura Rio-2016?
Quero um lugar no COB!

blogdojuca@uol.com.br


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