São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2010

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Polícia decide assumir 2 estádios

Após conflito em Durban, empresa privada deixa segurança da arena local e da Cidade do Cabo

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO

Após o conflito de anteontem à noite em volta do estádio de Durban, depois da partida entre Alemanha e Austrália, a polícia sul-africana decidiu assumir a segurança interna das arenas de Durban e da Cidade do Cabo.
Esses estádios estavam sob a responsabilidade da empresa privada Stallion Security. Segundo a polícia, a contratação de seguranças privados para controlar torcedores dentro dos estádios é recomendação da Fifa -os agentes do governo só poderiam atuar fora das arenas.
Assim, o COL (Comitê Organizador Local) fechou contratos com seguranças privados para o Mundial-2010.
Após o confronto, porém, a Fifa foi ignorada e houve uma mudança de planos na proteção das arenas. O estádio de Port Elizabeth já estava nas mãos de policiais.
"A Fifa diz que tem de haver segurança privada dentro do estádio. Se for necessário, temos condições de cuidar de tudo", afirmou Sally De Boer, que é porta-voz da polícia sul-africana.
A Stallion cuidava pelo menos de Durban e Cidade do Cabo. Mas seus homens, de uniforme preto e chapéu vermelho, já foram vistos em outros locais, como os que abrigam as Fan Fest.

QUESTÃO SALARIAL
No domingo à noite, em Durban, a polícia entrou em confronto com guardas da própria Stallion, que protestavam por terem tido seus salários reduzidos.
Procurado, Brad Soekoe, representante da empresa, recusou-se a fazer comentários e disse que só o comitê poderia falar sobre o tópico.
"Foi um problema entre a empresa e os empregados", defendeu Rich Mkhondo, diretor de comunicação do comitê, que dizia que, em princípio, a Stallion continuaria na segurança dos estádios.
Mas não houve acordo entre o comitê e a empresa sobre os salários. Então, a polícia assumiu os estádios.
Não é uma questão nova a ocorrência de problemas envolvendo empresas privadas de segurança em jogos de futebol na África do Sul.
Na metade do ano passado, o COL já tinha tido uma discordância com a mesma Stallion sobre o valor a ser pago aos seguranças na Copa das Confederações. A empresa desistiu de trabalhar.
Anteontem, 300 seguranças protestaram. Alegavam que havia a promessa de lhes pagarem até R$ 350 por dia, dependendo do cargo, quando só R$ 70 foram dados pela Stallion. A polícia os conteve com balas de borracha e bombas de gás.
Pelo menos duas pessoas ficaram feridas ao serem atingidas, segundo testemunhas no local. A porta-voz da polícia alegou que foi utilizada a "mínima força" possível para conter a situação.
"Ainda estamos investigando os fatos", afirmou. Há a possibilidade de prisão de alguns dos manifestantes.
A Fifa não se pronunciou sobre o fato nem seus representantes foram encontrados ontem pela reportagem.


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