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VÔLEI
Os donos do mundo
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Q uem tem o saque, tem o poder no vôlei. Um poder muitas vezes capaz de inverter a lógica. Quem diria que a Polônia, que
havia perdido um jogo para a seleção de Portugal e dois para o time argentino, daria tanto trabalho ao Brasil? A vitória por 3 sets a
0 e a derrota por 3 a 2 foi muito
mais do que os poloneses poderiam ter sonhado.
Nesses dois confrontos, o time
brasileiro sofreu com erros de saque. Só no primeiro jogo, foram 16
no total -média de mais de cinco por set. No vôlei moderno,
qualquer superioridade técnica
deixa de existir quando o saque
não sai e, mais, quando o rival
acerta a mão nesse fundamento.
Apesar das surpresas no caminho, na Liga Mundial não há
mistério. O mundo do vôlei continua regido por Brasil, Rússia, Itália e Iugoslávia. Já França, Argentina, Holanda, Cuba e Polônia
são coadjuvantes de luxo: vão dar
algum trabalho, mas têm poucas
chances de chegar ao título. Os
outros são figurantes.
Em ano de Mundial, a Liga acaba sendo uma chance luxuosa para as seleções se acertarem. O Brasil, do técnico Bernardinho, tem
uma vantagem: talvez seja a
equipe com maior número de opções de jogadores talentosos para
uma mesma posição.
Basta dar uma olhada nas alternativas para a ponta de rede:
Giovane, Nalbert, Giba e Dante,
ainda muito irregular contra a
Polônia. Os quatro lutam por
duas posições. Para oposto, há
André, Anderson e Gílson. No levantamento, Maurício é titular
absoluto, mas Ricardinho e Marcelinho não deixam a bola cair.
Mas você sabe, há mais de uma
década a Itália tem sido o bicho
papão em ano de Mundial. A
"Azzurra", que nunca conseguiu
uma medalha de ouro olímpica, é
a atual tricampeã mundial: venceu em 1990, 1994 e 1998. E das oito vezes que os italianos ganharam a Liga, duas delas foram em
anos de Mundial: 1990 e 1994.
O maior problema da Itália é a
ausência do levantador Marco
Meoni, o titular da equipe, que foi
medalha de bronze nos Jogos de
Sydney. Ele pediu dispensa. No
seu lugar entrou Valério Vermiglio, de 26 anos e 1,90 m. A outra
opção é o experiente levantador
De Giorgi, de 40 anos.
Já a Rússia, há anos no grupo de
elite do vôlei mundial, vai tentar
desencantar nesta temporada. A
equipe, que nunca foi campeã da
Liga, tem uma história de glórias
em Mundiais: seis títulos, mas todos da época em que era União
Soviética -o último foi em 1982.
Para tentar subir ao degrau
mais alto do pódio da Liga e do
Mundial, a Rússia aposta suas fichas em Roman Iakovlev, dono
do ataque mais potente da equipe, e no retorno do levantador
Vadim Khamouttskikh.
A Iugoslávia começou a Liga
com dois tropeços diante da França, mas tem o time que é o atual
campeão olímpico. Um dos destaques é Ivan Miljkovic, considerado por muitos o melhor atacante
da atualidade.
Dos quatro favoritos, o Brasil
tem a vantagem de disputar as finais em casa. E quem vencer vai
ganhar um estímulo extra para a
batalha mais esperada do ano: a
luta pelo título do Mundial, em
setembro, na Argentina.
Para encerrar, vale registrar a
atuação da seleção feminina no
Grand Prix. Venceu Alemanha,
Tailândia e Japão. Está certo que
os adversários não são da elite,
mas pelo menos o time, totalmente renovado, voltou a ganhar.
Os números
O polonês Marcin Nowak, com 2,15 m, é o atleta mais alto desta
edição da Liga Mundial. Apesar de ser um pouco mais baixo, o italiano Luigi Mastrangelo, de 2,02 m, é o jogador com maior alcance
no ataque: pega a bola a 3,68 m do chão. Quem mais se aproxima
dele é outro italiano: o atacante Alberto Cisolla, com 3,67 m. A seleção da Itália também entra nas estatísticas com o jogador mais velho inscrito na competição deste ano: o levantador De Giorgi, que
completará 41 anos em outubro.
Sem definição
Continua indefinida a situação dos cubanos que deixaram a seleção e fixaram residência na Itália. As negociações entre a Liga Italiana e a federação internacional continuam para que Ramon Gato,
Ihosvany Hernandez, Angel Dennis e Leonel Marshall possam
atuar no vôlei italiano. O problema é que eles não possuem o documento de transferência da federação cubana.
E-mail cidasan@uol.com.br
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