São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

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VÔLEI

Os donos do mundo

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Q uem tem o saque, tem o poder no vôlei. Um poder muitas vezes capaz de inverter a lógica. Quem diria que a Polônia, que havia perdido um jogo para a seleção de Portugal e dois para o time argentino, daria tanto trabalho ao Brasil? A vitória por 3 sets a 0 e a derrota por 3 a 2 foi muito mais do que os poloneses poderiam ter sonhado.
Nesses dois confrontos, o time brasileiro sofreu com erros de saque. Só no primeiro jogo, foram 16 no total -média de mais de cinco por set. No vôlei moderno, qualquer superioridade técnica deixa de existir quando o saque não sai e, mais, quando o rival acerta a mão nesse fundamento.
Apesar das surpresas no caminho, na Liga Mundial não há mistério. O mundo do vôlei continua regido por Brasil, Rússia, Itália e Iugoslávia. Já França, Argentina, Holanda, Cuba e Polônia são coadjuvantes de luxo: vão dar algum trabalho, mas têm poucas chances de chegar ao título. Os outros são figurantes.
Em ano de Mundial, a Liga acaba sendo uma chance luxuosa para as seleções se acertarem. O Brasil, do técnico Bernardinho, tem uma vantagem: talvez seja a equipe com maior número de opções de jogadores talentosos para uma mesma posição.
Basta dar uma olhada nas alternativas para a ponta de rede: Giovane, Nalbert, Giba e Dante, ainda muito irregular contra a Polônia. Os quatro lutam por duas posições. Para oposto, há André, Anderson e Gílson. No levantamento, Maurício é titular absoluto, mas Ricardinho e Marcelinho não deixam a bola cair.
Mas você sabe, há mais de uma década a Itália tem sido o bicho papão em ano de Mundial. A "Azzurra", que nunca conseguiu uma medalha de ouro olímpica, é a atual tricampeã mundial: venceu em 1990, 1994 e 1998. E das oito vezes que os italianos ganharam a Liga, duas delas foram em anos de Mundial: 1990 e 1994.
O maior problema da Itália é a ausência do levantador Marco Meoni, o titular da equipe, que foi medalha de bronze nos Jogos de Sydney. Ele pediu dispensa. No seu lugar entrou Valério Vermiglio, de 26 anos e 1,90 m. A outra opção é o experiente levantador De Giorgi, de 40 anos.
Já a Rússia, há anos no grupo de elite do vôlei mundial, vai tentar desencantar nesta temporada. A equipe, que nunca foi campeã da Liga, tem uma história de glórias em Mundiais: seis títulos, mas todos da época em que era União Soviética -o último foi em 1982.
Para tentar subir ao degrau mais alto do pódio da Liga e do Mundial, a Rússia aposta suas fichas em Roman Iakovlev, dono do ataque mais potente da equipe, e no retorno do levantador Vadim Khamouttskikh.
A Iugoslávia começou a Liga com dois tropeços diante da França, mas tem o time que é o atual campeão olímpico. Um dos destaques é Ivan Miljkovic, considerado por muitos o melhor atacante da atualidade.
Dos quatro favoritos, o Brasil tem a vantagem de disputar as finais em casa. E quem vencer vai ganhar um estímulo extra para a batalha mais esperada do ano: a luta pelo título do Mundial, em setembro, na Argentina.
Para encerrar, vale registrar a atuação da seleção feminina no Grand Prix. Venceu Alemanha, Tailândia e Japão. Está certo que os adversários não são da elite, mas pelo menos o time, totalmente renovado, voltou a ganhar.
Os números
O polonês Marcin Nowak, com 2,15 m, é o atleta mais alto desta edição da Liga Mundial. Apesar de ser um pouco mais baixo, o italiano Luigi Mastrangelo, de 2,02 m, é o jogador com maior alcance no ataque: pega a bola a 3,68 m do chão. Quem mais se aproxima dele é outro italiano: o atacante Alberto Cisolla, com 3,67 m. A seleção da Itália também entra nas estatísticas com o jogador mais velho inscrito na competição deste ano: o levantador De Giorgi, que completará 41 anos em outubro.

Sem definição
Continua indefinida a situação dos cubanos que deixaram a seleção e fixaram residência na Itália. As negociações entre a Liga Italiana e a federação internacional continuam para que Ramon Gato, Ihosvany Hernandez, Angel Dennis e Leonel Marshall possam atuar no vôlei italiano. O problema é que eles não possuem o documento de transferência da federação cubana. E-mail cidasan@uol.com.br


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