São Paulo, sábado, 15 de julho de 2006

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sem pizza

Justiça cancela títulos, rebaixa clubes e muda a cara do calcio

Juventus perde dois "scudetti" e cai, ao lado de mais duas equipes; cartolas não escapam de punição

DA REPORTAGEM LOCAL

Cinco dias depois da conquista do tetracampeonato mundial, o futebol italiano foi sacudido por uma sentença disciplinar em primeira instância que mudou a história e o desenho de seu campeonato nacional -muito provavelmente o mais glamouroso do planeta.
A Juventus, principal envolvida no escândalo de fabricação de resultados e influência na escalação de juízes na temporada 2004/2005, perdeu dois "scudetti" (relativos às duas últimas temporadas), além de ser rebaixada à Série B. Ali, iniciará o duro caminho rumo à elite com 30 pontos negativos.
Foi o primeiro rebaixamento da história do clube, que completará 110 anos em 2007. Agora, a equipe -dona da maior e mais fanática torcida do país- ficou com 27 títulos nacionais.
A decisão do tribunal, comandado pelo juiz Cesare Ruperto, 81, atingiu ainda Fiorentina (rebaixada à Série B com menos 12 pontos na classificação geral) e Lazio (também relegada à segunda divisão, com pontuação negativa de sete).
O Milan, contra o qual havia poucas provas processuais de participação no esquema, escapou do rebaixamento, mas terá de pagar uma pena de 15 pontos no próximo Nacional. Além disso, teve 44 pontos descontados da temporada passada e está fora da Copa dos Campeões.
A Justiça não deliberou sobre o destino dos títulos cassados, reivindicados pela Inter.
Outros 19 cartolas, árbitros e assistentes tiveram penas de até cinco anos de suspensão -caso de Luciano Moggi, ex-diretor-geral da Juventus e pivô do escândalo ao ser flagrado, por um grampo, negociando a escalação de juízes no torneio.
Todos os condenados têm a partir de agora seis dias para apresentar a apelação a uma corte federal, última instância dentro da Justiça Desportiva, que terá até o dia 24 para tomar sua decisão -no dia 25, a Uefa fecha a lista de participantes em suas competições.
"Fomos o único clube que deu sinais de que queria mudanças. Não aceitamos a decisão, é impossível disputar um torneio com 30 pontos a menos", afirmou o presidente da Juventus, Giovanni Gigli.
Sua posição foi seguida pelos representantes das outras agremiações punidas, inclusive o Milan, que sofreu a pena menos dura. "A decisão é extraordinariamente injusta e será reformada, tenho certeza", afirmou Silvio Berlusconi, presidente do clube e ex-premiê.
Ele foi uma das vozes que se levantaram com mais fervor em apoio a uma anistia do caso em função da conquista, pela Azzurra, do título mundial.
"As sentenças não se discutem, se respeitam", disse a ministra do Esporte, Giovanna Melandri, em oposição ao crescente clamor pela clemência.
Esportivamente, o veredicto de ontem -além de resgatar a credibilidade do futebol campeão mundial- significou a permanência na Série A de Messina, Lecce e Treviso, que haviam sido rebaixados. Na Copa dos Campeões, os representantes italianos deverão ser Inter, Roma, Chievo e Palermo.


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