São Paulo, sábado, 15 de julho de 2006

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Brasil se prepara para suportar ressaca da Copa

Time de vôlei estréia na Liga Mundial à espera de pressão após fiasco no futebol

"Esporte não pode carregar o peso de gerar felicidade ao país", diz Bernardinho, que tenta levar a seleção ao sexto título do campeonato


MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Brasil fora da Copa, e outra seleção ligou o sinal de alerta.
"Quando vi que perdemos [na Alemanha], já sabia. Tenho certeza absoluta de que agora a pressão em cima de nós vai aumentar ainda mais, da torcida, da mídia... É um movimento natural. Faz parte do esporte", diz o levantador Ricardinho.
O primeiro termômetro desse movimento começa a ser visto hoje, às 18h, na estréia da equipe do técnico Bernardinho na Liga Mundial de vôlei. O adversário é a Argentina, em San Juan. O Grupo B tem também Portugal e Finlândia.
E o início não promete ser tão favorável. A comissão técnica privilegiou os treinos físicos durante a fase de preparação em Saquarema (RJ).
Sem jogar partidas e com a chegada de novos jogadores -Sidão, Lucas e Ezinho-, o time deve sofrer com a falta de ritmo nos primeiros duelos.
"Esse período serviu para eu conhecer melhor o grupo, não tive tempo antes. Agora já estou mais à vontade e mais bem preparado para mostrar meu trabalho e ganhar confiança", diz Ezinho, o único do trio que já havia sido convocado.
Além disso, o time ainda está se adaptando à mudança na parte da comissão técnica responsável pelo sistema defensivo -saiu Chico dos Santos, entrou Roberley Leonaldo.
"O começo é sempre assim, enrolado. Essa é uma das nossas preocupações, saber controlar a pressão, a ansiedade... A maior lição que a seleção de futebol deixou foi que não podemos pular etapas. Temos de dividir o campeonato em fatias, de pizza, de torta, do que for, e comer uma de cada vez, ou você engasga", afirma Ricardinho.
Desde que começou seu trabalho na seleção, em 2001, Bernardinho viu o time responder melhor em situações desfavoráveis. Quando era franco favorito, como nos Jogos Pan-Americanos de 2003, tropeçou.
Por isso, tem caprichado no tom para deixar o elenco desconfortável até contra adversários mais fracos como o de hoje.
"A Argentina está fazendo investimento forte para tomar a hegemonia do vôlei na América do Sul. Eles têm o objetivo claro de passar o Brasil. Não só eles como todos os outros", diz.
Outra preocupação é manter seus comandados com "os pés no chão". Nos últimos anos, já reclamou de situações em que os atletas foram alvos de oba-oba como, por exemplo, quando o título da Liga foi mais festejado pela mídia do que a conquista do inédito Mundial-02.
"Temos a obrigação de fazer bem nosso papel. Não podemos querer saciar todas as expectativas. O esporte não pode carregar o peso de gerar felicidade para o país. A melhor forma de encarar a pressão é ter consciência de que a preparação foi bem-feita", afirma o técnico.
"Os jogadores precisam se ajudar. Só vão agüentar essa carga coletivamente. Ninguém suporta isso sozinho."


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