São Paulo, domingo, 15 de julho de 2007

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Confronto de torcidas provoca terror e correria

Torcedor sofre traumatismo em briga de corintianos e são-paulinos; 50 são presos

Conflito nas imediações do Parque São Jorge envolveu mais de cem pessoas, que usaram paus e barras de ferro com as cores do São Paulo

TONI ASSIS
JULYANA TRAVAGLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Pancadaria e correria envolvendo torcedores corintianos e são-paulinos ontem nas proximidades do Parque São Jorge provocaram um clima de terror para os moradores do local e deixaram um corintiano gravemente ferido. Segundo a polícia, Piratini Tapejara Sales, 25, sofreu traumatismo craniano, não confirmado pela assessoria de imprensa da Secretaria Municipal da Saúde.
O agressor foi identificado no Boletim de Ocorrência registrado no 52º distrito policial. É Marcos Alves Afonso, 23, que foi indiciado por tentativa de homícidio por motivo banal.
O promotor Paulo Castilho foi ao Morumbi por conta dos incidentes. "Vamos fazer investigações. Se precisar, quebraremos sigilos telefônicos. Não vou admitir que marginais venham a campo destruir a festa do futebol. Não vou retroceder. Vamos vencer esses vândalos", completou Castilho. A PM prendeu 50 envolvidos.
Desde 1988, 21 pessoas morreram em brigas de torcidas organizadas no Estado.
Segundo relatos de acompanhantes de pacientes que estavam no Hospital do Tatuapé, houve tumulto e a recepção do local chegou a ser invadida por pessoas que tentavam fugir da confusão nas ruas.
De acordo com depoimentos de ambulantes, os policiais, que chegaram disparando balas de borracha para dispersar os torcedores envolvidos na briga, aumentaram ainda mais o clima de medo e pavor.
"Eles estavam com armas, acho que fuzis, e foram disparando", afirmou Jorge Silveira de Souza, que estava na rua quando o tumulto começou.
Testemunhas que presenciaram o conflito disseram que corintianos e são-paulinos portavam paus, pedras, pedaços de ferro e armas de fogo. No entanto nenhuma vítima deu entrada no Hospital do Tatuapé com ferimento a bala.
O saldo da briga generalizada estava nas ruas com poças de sangue manchando o asfalto, além de pedaços de paus, pedras e barras de ferro. Mesmo horas após o fim da confusão, dois carros da polícia ainda se encontravam estacionados próximos ao Parque São Jorge.
Segundo relato da assessoria da Gaviões da Fiel, organizada corintiana, a briga teve início após uma emboscada de cerca 200 são-paulinos, que investiram contra 60 torcedores do Corinthians que estavam em um bar de esquina.
A Folha ligou para a Tricolor Independente, uniformizada são-paulina, mas os telefones estavam fora de área.
Dos dois torcedores que foram para o Hospital do Tatuapé, Rodrigo Vieira Carosi acabou sendo liberado.
Sales, que seguia em estado grave até o fechamento desta edição, foi transferido para o Hospital Alvorada, em Moema, a pedido da família.
Segundo policiais, ele perdeu parte da massa encefálica e, provavelmente foi agredido com uma barra de ferro. Também teve um ferimento ocasionado por objeto cortante, supostamente uma faca.
Os oficiais disseram também que a vítima respirava com a ajuda de aparelhos, informação que não foi confirmada pela assessoria do hospital, que informou apenas que o torcedor estava em estado de observação.
Na recepção do hospital, três torcedores corintianos, à espera de informações, não quiseram dar entrevistas.
Se na zona leste o clima foi tumultuado, nas imediações do Morumbi, local da partida, o clima também era de tensão, por conta dos acontecimentos ocorridos horas antes.
Dois rapazes passaram pelo ambulatório do estádio são-paulino com machucados. As circunstâncias não foram reveladas pela polícia.
Lídio Ferreira de Araújo Júnior sofreu leves escoriações no braço esquerdo. Já Eliezer Ferreira da Silva levou uma pedrada na cabeça e foi encaminhado ao hospital do Campo Limpo. Segundo a PM, ele não corria risco de morte.
Segundo o major Tadeu, do 2º Batalhão da Polícia Militar, houve um princípio de tumulto momentos antes de o clássico começar, logo dissipado pelos policiais. Na saída do clássico
"Estamos com cavalaria, canil, o 3º Batalhão de Choque e mais de cem motos. Dobrei o efetivo para dar maior segurança aos torcedores", disse o major, sem revelar qual o número de policiais envolvidos na segurança do clássico.


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