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Confronto de torcidas provoca terror e correria
Torcedor sofre traumatismo em briga de corintianos e são-paulinos; 50 são presos
Conflito nas imediações do
Parque São Jorge envolveu
mais de cem pessoas, que
usaram paus e barras de ferro
com as cores do São Paulo
TONI ASSIS
JULYANA TRAVAGLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pancadaria e correria envolvendo torcedores corintianos e
são-paulinos ontem nas proximidades do Parque São Jorge
provocaram um clima de terror
para os moradores do local e
deixaram um corintiano gravemente ferido. Segundo a polícia, Piratini Tapejara Sales, 25,
sofreu traumatismo craniano,
não confirmado pela assessoria
de imprensa da Secretaria Municipal da Saúde.
O agressor foi identificado no
Boletim de Ocorrência registrado no 52º distrito policial. É
Marcos Alves Afonso, 23, que
foi indiciado por tentativa de
homícidio por motivo banal.
O promotor Paulo Castilho
foi ao Morumbi por conta dos
incidentes. "Vamos fazer investigações. Se precisar, quebraremos sigilos telefônicos. Não
vou admitir que marginais venham a campo destruir a festa
do futebol. Não vou retroceder.
Vamos vencer esses vândalos",
completou Castilho. A PM
prendeu 50 envolvidos.
Desde 1988, 21 pessoas morreram em brigas de torcidas organizadas no Estado.
Segundo relatos de acompanhantes de pacientes que estavam no Hospital do Tatuapé,
houve tumulto e a recepção do
local chegou a ser invadida por
pessoas que tentavam fugir da
confusão nas ruas.
De acordo com depoimentos
de ambulantes, os policiais, que
chegaram disparando balas de
borracha para dispersar os torcedores envolvidos na briga,
aumentaram ainda mais o clima de medo e pavor.
"Eles estavam com armas,
acho que fuzis, e foram disparando", afirmou Jorge Silveira
de Souza, que estava na rua
quando o tumulto começou.
Testemunhas que presenciaram o conflito disseram que corintianos e são-paulinos portavam paus, pedras, pedaços de
ferro e armas de fogo. No entanto nenhuma vítima deu entrada no Hospital do Tatuapé
com ferimento a bala.
O saldo da briga generalizada
estava nas ruas com poças de
sangue manchando o asfalto,
além de pedaços de paus, pedras e barras de ferro. Mesmo
horas após o fim da confusão,
dois carros da polícia ainda se
encontravam estacionados
próximos ao Parque São Jorge.
Segundo relato da assessoria
da Gaviões da Fiel, organizada
corintiana, a briga teve início
após uma emboscada de cerca
200 são-paulinos, que investiram contra 60 torcedores do
Corinthians que estavam em
um bar de esquina.
A Folha ligou para a Tricolor
Independente, uniformizada
são-paulina, mas os telefones
estavam fora de área.
Dos dois torcedores que foram para o Hospital do Tatuapé, Rodrigo Vieira Carosi acabou sendo liberado.
Sales, que seguia em estado
grave até o fechamento desta
edição, foi transferido para o
Hospital Alvorada, em Moema,
a pedido da família.
Segundo policiais, ele perdeu
parte da massa encefálica e,
provavelmente foi agredido
com uma barra de ferro. Também teve um ferimento ocasionado por objeto cortante, supostamente uma faca.
Os oficiais disseram também
que a vítima respirava com a
ajuda de aparelhos, informação
que não foi confirmada pela assessoria do hospital, que informou apenas que o torcedor estava em estado de observação.
Na recepção do hospital, três
torcedores corintianos, à espera de informações, não quiseram dar entrevistas.
Se na zona leste o clima foi
tumultuado, nas imediações do
Morumbi, local da partida, o
clima também era de tensão,
por conta dos acontecimentos
ocorridos horas antes.
Dois rapazes passaram pelo
ambulatório do estádio são-paulino com machucados. As
circunstâncias não foram reveladas pela polícia.
Lídio Ferreira de Araújo Júnior sofreu leves escoriações
no braço esquerdo. Já Eliezer
Ferreira da Silva levou uma pedrada na cabeça e foi encaminhado ao hospital do Campo
Limpo. Segundo a PM, ele não
corria risco de morte.
Segundo o major Tadeu, do
2º Batalhão da Polícia Militar,
houve um princípio de tumulto
momentos antes de o clássico
começar, logo dissipado pelos
policiais. Na saída do clássico
"Estamos com cavalaria, canil, o 3º Batalhão de Choque e
mais de cem motos. Dobrei o
efetivo para dar maior segurança aos torcedores", disse o major, sem revelar qual o número
de policiais envolvidos na segurança do clássico.
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