São Paulo, quarta-feira, 15 de julho de 2009

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RÉGIS ANDAKU

Bola muito fora


Revelação australiana, Brydan Klein inicia a carreira com multa e suspensão por insulto racista em quadra


RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

A BIOGRAFIA do tenista Brydan Klein ainda era uma folha em branco. Com 19 anos, no primeiro ano no circuito, apenas começava a escrever as primeiras linhas. A julgar pela evolução desde criança, poderia ter uma vida cheia de conquistas: com 17, já faturara o título juvenil do Aberto da Austrália, e a evolução de seu ranking não deixava dúvidas -número 1.245 com 15 anos, depois 924, então 618, daí a 251, e mais recentemente, 186. O salto deu a Klein, revelação acompanhada de perto pelos australianos, a chance de jogar os primeiros torneios por conta própria. Ou ao menos tentar jogá-los. Assim fez em Eastbourne, há um mês. Na segunda rodada do quali, Klein teve pela frente um rival duro: o sul-africano Raven Klassen, 26, de nível médio, mas muito mais experiente. Primeiro set perdido no tie-break e segundo caminhando para outro, Klein não aguentou e soltou um irritado "fucking kaffir". Talvez tenha liberado seus monstros momentaneamente (virou o jogo e chegaria à segunda rodada em um ATP Tour), mas ficou claro a motivação racista. "Kaffir" é um termo usado na África do Sul -e em outro países- para se referir pejorativamente a negros. A ATP entrou em ação. No fim da semana passada, anunciou que Klein teria de devolver o que ganhara em Eastbourne, US$ 14 mil, multa máxima da ATP. Mais que isso: terá de ficar de molho por seis meses, para refletir sobre o que havia feito. Funcionou rápido: em seguida, Klein soltou nota dizendo, claro, que estava arrependido e se considerava merecedor da pena. Dizia também que havia procurado Klassen para se desculpar pessoalmente. E que sabia que precisaria crescer dentro de quadra, mas também fora dela. Klein começou com o pé esquerdo uma carreira que poderia (pode?) ser brilhante. Jovem, tem tempo para voltar e buscar um lugar na história (boa) do tênis. Se nas quadras já mostrou ter potencial técnico, fora ainda tem um longo caminho a percorrer. Sua biografia no tênis não está encerrada, mas começou a ser escrita com um enorme e horrível rabisco na primeira página.

COPA DAVIS
Israelenses entre os quatro? Tchecos e croatas de volta às semis? Espanhóis na 16ª vitória seguida em casa? A Davis está emocionante.

EM BRASÍLIA
São Paulo ganhou a Copa das Federações, na Academia de Tênis.

VALE A PENA
José Nilton Dalcim, editor do prestigioso site Tenisbrasil, lançou "Entenda o Tênis". À venda em www.tenisbrasil.com.br.

ELEGÂNCIA
Quem não lembra da Elesse, que vestia alguns dos mais elegantes nos anos 80? A grife voltou ao país.

reandaku@uol.com.br


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