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Futebol, comandado por Teixeira, desafeto de Nuzman, luta pelos ouros que garantem meta imposta à delegação
Recorde do COB pode ser dado pela CBF
DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO
A modalidade dirigida pelo
maior desafeto de Carlos Arthur
Nuzman pode ter a honra de cravar o recorde mais aguardado pelo Comitê Olímpico Brasileiro no
Pan de Santo Domingo.
Ultrapassada a meta de pódios
de Winnipeg (até ontem 108, sete
a mais que no último Pan), falta à
delegação brasileira superar a
marca de medalhas douradas recebidas quatro anos atrás.
Por ironia do destino, o tão almejado 26º ouro pode vir da modalidade que menos fez questão
de ir à República Dominicana -e
que só foi tanto na versão feminina quanto na masculina por pressão do governo federal.
Hoje pela manhã, às 11h, as meninas do futebol voltarão a campo
para terminar a partida interrompida ontem à noite, aos 25min do
primeiro tempo, devido a uma
forte chuva, que transformou o
gramado em um charco.
Contra as canadenses, rivais
também na disputa pelo sonhado
terceiro lugar no quadro geral de
medalhas, o Brasil poderá cumprir a principal meta imposta pelo
COB à delegação do país.
Também hoje, só que à noite, os
jogadores da seleção sub-20 pegarão a Argentina com a chance de
ampliar a vantagem sobre os
grandes rivais de Winnipeg.
Estranho no ninho entre as 37
modalidades que representam o
Brasil no Pan, o futebol distingue-se do resto não só por não receber
dinheiro da Lei Piva, mas por politicamente se opor a Nuzman.
Diferente até no uniforme -a
CBF é patrocinada pela Nike (embora hoje prometa usar Olympikus, somente no pódio).
Campeão de reclamações sobre
as instalações na Vila Pan-Americana, o futebol voltou a atacar o
comitê local após a interrupção
da final feminina. "Mesmo sem
chuva, o gramado já é ruim. Taparam muito mal os buracos abertos pelo atletismo. É fácil haver
contusão. Com chuva, é impossível jogar. Adiar a disputa era a
única decisão possível", disse o
coordenador de seleções de base
Branco, que vê jogo de risco contra os argentinos. ""A segurança
[na semifinal contra o México] foi
péssima. Como o nível da arbitragem também tem sido dos piores,
sempre há o risco de confusão."
Para chegar ao ouro, o Brasil espera contar com o atacante Dagoberto, que saiu contundido da semifinal e segue como dúvida.
Mesmo com a chance do ouro,
Ricardo Teixeira não terá nenhum representante de primeiro
escalão na solenidade de entrega
das medalhas. O funcionário mais
graduado da CBF em Santo Domingo é justamente Branco.
A rivalidade entre Teixeira e
Nuzman é tamanha que até um
documento essencial para a candidatura do Rio aos Jogos de 2012
está sendo negado pelo futebol.
O Comitê Olímpico Internacional exige que todas as confederações entreguem à cidade candidata uma carta atestando que nenhuma competição será disputada no período dos Jogos. A CBF,
alegando que a medida atingiria
todos os clubes do Rio, anunciou
que não dará o ofício.
No meio da disputa, está também uma briga que envolve o governo federal. Aliado de primeira
hora de Nuzman, o ministro Agnelo Queiroz (Esporte) é visto
com antipatia pela CBF e pelos
clubes, principalmente após a revelação de que o futebol estará fora do programa de incentivos fiscais pretendido pelo governo.
(EDUARDO OHATA, GUILHERME ROSEGUINI E JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)
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