São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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VÔLEI

Presidente da CBV e técnico dizem que a polêmica da premiação já está superada

Bernardinho e família se dizem prontos até para a briga na estréia

LUÍS CURRO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Bernardinho e a seleção brasileira começam hoje a pôr em jogo tudo o que foi criado desde 2001, quando o treinador assumiu uma equipe desprestigiada pelo sexto lugar nos Jogos de Sydney-2000.
Às 10h, quando o Brasil estrear contra a Austrália no Estádio da Paz e Amizade, pelo Grupo B, o técnico também iniciará o que classificou como "missão": conquistar o ouro.
Em entrevista à Folha antes do embarque para amistosos na França, na terça retrasada, Bernardinho disse: "A partir de agora, estamos em missão. Nada pode tirar o foco do time em relação à busca da medalha. Que não haja distrações, que a gente não incorra em armadilhas que se colocam constantemente, seja de exposição, seja de perda de foco".
Só que, na discussão sobre a premiação, iniciada na França -onde o Brasil perdeu a invencibilidade que mantinha desde agosto de 2003-, o "foco" foi desviado, o que irritou Bernardinho, que culpou a imprensa.
Na quarta-feira, no primeiro treino da equipe em solo grego, questionados sobre se a premiação no caso da conquista do ouro olímpico já estava definida, jogadores deram versões distintas.
Ricardinho afirmou que a Confederação Brasileira de Vôlei havia feito uma oferta e que os jogadores ainda fariam uma contraproposta. Nalbert, nomeado pelo grupo para discutir com a CBV, disse que Ary Graça Filho, presidente da entidade, ofereceu a renda de seis amistosos para ser dividida entre os atletas -a proposta foi aprovada, mas haveria problema em relação às datas. Giovane declarou que tudo já estava acertado, sem pendências.
Na quinta, mostrando-se nervoso, Bernardinho disse: "a proposta foi aceita, ponto. Basta". Acrescentou que, se a seleção for mal, "vão dizer que estava pensando em dinheiro'".
Graça Filho divulgou ontem os valores: para os dois times, em caso de ouro, serão R$ 1,14 milhão. Os amistosos servirão para aumentar o cachê. Se só uma seleção vencer, leva o prêmio dobrado.
A exposição a que o grupo se submeteu será um teste para o que Bernardinho classifica como "família". Antes da ida à Europa, o treinador afirmou achar que "esse grupo parece uma família, que briga, se desentende, mas se quer bem. Briga pelo melhor".
Os atletas aceitaram o batismo. "Com certeza, no nosso grupo, cada um ajuda a cuidar do próximo. É uma família mesmo, com cobrança na hora do treino e do jogo, mas com um relacionamento muito saudável", declarou o meio-de-rede André Heller.
"Tem gente que fala que convive mais aqui do que com os parentes. Foi feita a família para chegar nessa hora, a decisiva", afirmou o também central Rodrigão.
E, para despertar mais a sensação de união em torno de um objetivo, Bernardinho exibiu aos atletas trechos de programa de TV que mostrou o comportamento da seleção na campanha do tetra, dez anos atrás -Ricardo Rocha, Parreira e Romário seriam os exemplos a serem seguidos.
Tudo isso pelo ouro, que, se conquistado, coroará o mais espetacular desempenho de um técnico em uma seleção brasileira de vôlei: em 14 torneios, foram 11 títulos, entre eles o Mundial-2002 e três Ligas (2001, 2003 e 2004).


NA TV - Globo, ESPN Brasil, Sportv, Band e Bandsports, a partir das 10h



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