São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 2006

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Sem Rs, Dunga quer Brasil de 22 astros

Amistoso contra a Noruega, amanhã, marca a estréia do treinador e também uma etapa de menos estrelismo na seleção

"Lobby não entra em campo", diz técnico, que descartou Ronaldo, Roberto Carlos e Ronaldinho e faz mistério sobre quem será o capitão


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A OSLO

A Noruega pagou para ver Ronaldo, Ronaldinho e Roberto Carlos. Vai levar, no entanto, um pacote bem mais modesto no amistoso de amanhã, em Oslo, contra a seleção brasileira. E é bom os interessados em fazer partidas contra o Brasil se acostumarem com isso.
A nova era Dunga começa colocando em xeque o estrelismo -este será o primeiro amistoso desde 2002 que o time nacional não terá um de seus "Rs" que foram símbolos de donos do pedaço nas últimas décadas.
"A grande estrela tem que ser a seleção brasileira. Se alguém se colocar acima, o trabalho já começa errado", disse o novo treinador, que não divulgou o time titular contra a Noruega.
O apego ao "antiestrelismo" é tanto que ele foi parar no site da CBF -lá era destacado que a seleção tem agora "22 estrelas".
Dunga também faz mistério sobre quem será o capitão, função que agora ganha status, já que deixou claro que quer alguém mais falante, assim como ele era quando jogava, e não um atleta que pouco grita em campo, como Cafu. Mas, ao comentar como deve ser o perfil do seu capitão, dá outra estocada em quem só vive da fama.
"Lobby não entra campo", afirmou o treinador, que, antes mesmo de conversar com os jogadores que atuam na Europa, já teve suas palavras encampadas por eles. "Não sou estrela. Todos estão aqui porque provaram seu valor. Sou igual a todos", falou Robinho, que, na ausência de Ronaldo, Ronaldinho e Kaká, pode ser titular.
Quem está chegando também promete revolução nos costumes do time. "Tudo vai ser diferente [em relação ao time da Copa]", disse Vágner Love, um dos últimos a chegarem ao hotel em Oslo. A viagem do time, aliás, é a prova de que as coisas não são mais como nos tempos do superfavoritismo.
Seja na escala em Paris ou na chegada à Noruega, a seleção foi ignorada pelos torcedores -foram poucos os que reconheceram a maioria dos jogadores ou pediram autógrafos. No hotel nos arredores de Oslo, um único segurança -que chegou a empurrar cinegrafistas que faziam imagens da nova cara da seleção- trabalhava na chegada dos jogadores.
Com o endurecimento das normas de segurança nos aeroportos, o time chegou sem a sua bagagem -que perdeu o vôo de Paris para Oslo porque ainda não havia sido inspecionada no aeroporto francês.
Se promete acabar com o estrelismo, Dunga ainda não vai mexer na forma como o Brasil se prepara para os jogos. Assim como fazia Carlos Alberto Parreira, só dará um treino antes do confronto com a Noruega, que não promete ser longo. "Já tenho um time para começar o jogo na cabeça. E não vai ser um treino que vai fazer eu mudar de idéia", disse o capitão do tetra, solícito com os caçadores de autógrafos e jornalistas.
E Dunga, na contramão de quem acha que ele vai pregar apenas o futebol de resultados, diz que seu time pode dar espetáculo. "A seleção tem que entrar em campo e se divertir."


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