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Sem Rs, Dunga quer Brasil de 22 astros
Amistoso contra a Noruega, amanhã, marca a estréia do treinador e também uma etapa de menos estrelismo na seleção
"Lobby não entra em campo", diz técnico, que descartou Ronaldo, Roberto Carlos e Ronaldinho e faz mistério sobre quem será o capitão
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A OSLO
A Noruega pagou para ver
Ronaldo, Ronaldinho e Roberto Carlos. Vai levar, no entanto,
um pacote bem mais modesto
no amistoso de amanhã, em Oslo, contra a seleção brasileira. E
é bom os interessados em fazer
partidas contra o Brasil se acostumarem com isso.
A nova era Dunga começa colocando em xeque o estrelismo
-este será o primeiro amistoso
desde 2002 que o time nacional
não terá um de seus "Rs" que
foram símbolos de donos do
pedaço nas últimas décadas.
"A grande estrela tem que ser
a seleção brasileira. Se alguém
se colocar acima, o trabalho já
começa errado", disse o novo
treinador, que não divulgou o
time titular contra a Noruega.
O apego ao "antiestrelismo" é
tanto que ele foi parar no site da
CBF -lá era destacado que a
seleção tem agora "22 estrelas".
Dunga também faz mistério
sobre quem será o capitão, função que agora ganha status, já
que deixou claro que quer alguém mais falante, assim como
ele era quando jogava, e não um
atleta que pouco grita em campo, como Cafu. Mas, ao comentar como deve ser o perfil do
seu capitão, dá outra estocada
em quem só vive da fama.
"Lobby não entra campo",
afirmou o treinador, que, antes
mesmo de conversar com os jogadores que atuam na Europa,
já teve suas palavras encampadas por eles. "Não sou estrela.
Todos estão aqui porque provaram seu valor. Sou igual a todos", falou Robinho, que, na ausência de Ronaldo, Ronaldinho
e Kaká, pode ser titular.
Quem está chegando também promete revolução nos
costumes do time. "Tudo vai
ser diferente [em relação ao time da Copa]", disse Vágner Love, um dos últimos a chegarem
ao hotel em Oslo. A viagem do
time, aliás, é a prova de que as
coisas não são mais como nos
tempos do superfavoritismo.
Seja na escala em Paris ou na
chegada à Noruega, a seleção
foi ignorada pelos torcedores
-foram poucos os que reconheceram a maioria dos jogadores ou pediram autógrafos.
No hotel nos arredores de Oslo,
um único segurança -que chegou a empurrar cinegrafistas
que faziam imagens da nova cara da seleção- trabalhava na
chegada dos jogadores.
Com o endurecimento das
normas de segurança nos aeroportos, o time chegou sem a sua
bagagem -que perdeu o vôo de
Paris para Oslo porque ainda
não havia sido inspecionada no
aeroporto francês.
Se promete acabar com o estrelismo, Dunga ainda não vai
mexer na forma como o Brasil
se prepara para os jogos. Assim
como fazia Carlos Alberto Parreira, só dará um treino antes
do confronto com a Noruega,
que não promete ser longo. "Já
tenho um time para começar o
jogo na cabeça. E não vai ser um
treino que vai fazer eu mudar
de idéia", disse o capitão do tetra, solícito com os caçadores
de autógrafos e jornalistas.
E Dunga, na contramão de
quem acha que ele vai pregar
apenas o futebol de resultados,
diz que seu time pode dar espetáculo. "A seleção tem que entrar em campo e se divertir."
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