São Paulo, quarta-feira, 15 de agosto de 2007

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Timemania sai do papel, mas clubes vão à Justiça

Em evento, presidente Lula sanciona loteria que parcela dívidas fiscais de times

Na cerimônia, dirigentes dizem que irão contestar artigo da lei que exige que agremiações confessem débitos ainda em discussão


Ueslei Marcelino/Folha Imagem
O presidente Lula, os ministros Carlos Lup, do Trabalho, e Orlando Silva Júnior, do Esporte, e Ricardo Teixeira, presidente da CBF

PEDRO DIAS LEITE
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No dia da sanção da Timemania, nova loteria federal com o objetivo de sanear as contas dos clubes brasileiros, os principais times do país já articulavam para entrar na Justiça contra um dos dispositivos da lei.
O alvo de constestação dos cartolas é o mecanismo pelo qual, para ter seus débitos fiscais parcelados, eles são obrigados a desistir das disputas na Justiça em torno das dívidas. "Basicamente, nós vamos nos insurgir contra a renúncia das ações", disse o presidente do Vasco, Eurico Miranda.
Pela regra da Timemania, parte do dinheiro será destinada aos clubes para pagarem débitos, que serão parcelados com descontos. O problema é que os clubes dizem que não podem desistir de ações em que eles podem ganhar do governo. Defendem que os processos continuem correndo na Justiça e, em caso de vitória, o valor seja abatido de suas dívidas.
Os clubes devem se reunir nos próximos dias para decidir o que fazer. O presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, elogia a Timemania, mas também defende o recurso à Justiça para não ter de desistir das outras ações. "É o caminho mais viável, não tem para onde correr."
Juvêncio tentou fazer uma mudança neste item quando o projeto ainda estava no Congresso, mas acabou derrotado. O presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, espera a reunião dos clubes, mas disse que o recurso à Justiça é "uma opção".
O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., afirmou que "a Timemania não é obrigatória, adere quem quer". Alegou que "é uma oportunidade que os clubes têm para pagar suas dívidas e, se não estiverem interessados nessa alternativa que o governo deu, que é o marco zero para que possam se organizar, é um problema de cada um dos clubes".
Para Eurico, os times devem entrar na loteria e contestarem na Justiça a obrigação de abrir mão das ações. "Não discuto o que é da Justiça, é uma instância que a democracia construiu", disse o ministro.
Na cerimônia de regulamentação, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a fuga de jogadores para o exterior. "O moleque bateu uma bolinha com três anos e já tem empresário. Está certo que a economia está bem, mas tem de cuidar", disse Lula.
O presidente, no entanto, poupou os cartolas. "Hoje é muito fácil criticar os dirigentes, como se fosse fácil essa transformação do clube em empresa", afirmou.
O primeiro sorteio da Timemania deve ocorrer ainda neste ano. Ao todo, 80 clubes das séries A, B e C do Brasileiro podem participar. A nova loteria terá um sorteio por semana, aos sábados. O torcedor poderá marcar dez números entre os 80, e a loteria vai premiar apostadores que acertarem 7, 6, 5, 4 ou 3 números sorteados, além de pagar prêmios pelo acerto do "time do coração".


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