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Timemania sai do papel, mas clubes vão à Justiça
Em evento, presidente Lula sanciona loteria que parcela dívidas fiscais de times
Na cerimônia, dirigentes dizem que irão contestar artigo da lei que exige que agremiações confessem
débitos ainda em discussão
Ueslei Marcelino/Folha Imagem
![](../images/s1508200701.jpg) |
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O presidente Lula, os ministros Carlos Lup, do Trabalho, e Orlando Silva Júnior, do Esporte, e Ricardo Teixeira, presidente da CBF
PEDRO DIAS LEITE
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No dia da sanção da Timemania, nova loteria federal com o
objetivo de sanear as contas
dos clubes brasileiros, os principais times do país já articulavam para entrar na Justiça contra um dos dispositivos da lei.
O alvo de constestação dos
cartolas é o mecanismo pelo
qual, para ter seus débitos fiscais parcelados, eles são obrigados a desistir das disputas na
Justiça em torno das dívidas.
"Basicamente, nós vamos nos
insurgir contra a renúncia das
ações", disse o presidente do
Vasco, Eurico Miranda.
Pela regra da Timemania,
parte do dinheiro será destinada aos clubes para pagarem débitos, que serão parcelados
com descontos. O problema é
que os clubes dizem que não
podem desistir de ações em que
eles podem ganhar do governo.
Defendem que os processos
continuem correndo na Justiça
e, em caso de vitória, o valor seja abatido de suas dívidas.
Os clubes devem se reunir
nos próximos dias para decidir
o que fazer. O presidente do São
Paulo, Juvenal Juvêncio, elogia
a Timemania, mas também defende o recurso à Justiça para
não ter de desistir das outras
ações. "É o caminho mais viável, não tem para onde correr."
Juvêncio tentou fazer uma
mudança neste item quando o
projeto ainda estava no Congresso, mas acabou derrotado.
O presidente do Clube dos 13,
Fábio Koff, espera a reunião
dos clubes, mas disse que o recurso à Justiça é "uma opção".
O ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., afirmou que "a
Timemania não é obrigatória,
adere quem quer". Alegou que
"é uma oportunidade que os
clubes têm para pagar suas dívidas e, se não estiverem interessados nessa alternativa que
o governo deu, que é o marco
zero para que possam se organizar, é um problema de cada
um dos clubes".
Para Eurico, os times devem
entrar na loteria e contestarem
na Justiça a obrigação de abrir
mão das ações. "Não discuto o
que é da Justiça, é uma instância que a democracia construiu", disse o ministro.
Na cerimônia de regulamentação, ontem, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva voltou a
criticar a fuga de jogadores para
o exterior. "O moleque bateu
uma bolinha com três anos e já
tem empresário. Está certo que
a economia está bem, mas tem
de cuidar", disse Lula.
O presidente, no entanto,
poupou os cartolas. "Hoje é
muito fácil criticar os dirigentes, como se fosse fácil essa
transformação do clube em
empresa", afirmou.
O primeiro sorteio da Timemania deve ocorrer ainda neste
ano. Ao todo, 80 clubes das séries A, B e C do Brasileiro podem participar. A nova loteria
terá um sorteio por semana,
aos sábados. O torcedor poderá
marcar dez números entre os
80, e a loteria vai premiar apostadores que acertarem 7, 6, 5, 4
ou 3 números sorteados, além
de pagar prêmios pelo acerto
do "time do coração".
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