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CHINA >> RAUL JUSTE LORES
No quintal alheio
NO COQUETEL de inauguração da nova embaixada americana em
Pequim, na semana passada, os
garçons chineses se vestiram
de caubói, com direito a chapéu
e botas. A fraternidade do figurino dissimula a desconfiança
durante a construção.
O prédio principal foi construído e decorado por operários americanos, trazidos diretamente dos Estados Unidos.
Até material de construção foi
importado de lá. Os 1.500 operários chineses que trabalharam na construção ergueram os
anexos menos sensíveis.
A China fez o mesmo com
sua embaixada em Washington, levando centenas de pedreiros chineses para a capital
americana - tudo por conta da
recíproca suspeita de espionagem. China e EUA, rivais íntimos nos negócios, não quiseram arriscar.
Mas a desconfiança não impediu a deferência que uma superpotência reservou à outra. A
embaixada americana é a maior
no mundo depois da fortaleza
erguida em Bagdá.
É a maior embaixada situada
em Pequim e mata as outras representações nacionais de inveja, condenadas em sua maioria a predinhos antiquados cedidos pelo regime comunista e
com funcionários impostos pelos anfitriões.
O escritório americano Skidmore, Owings & Merrill projetou os prédios envidraçados
com bambu e vielas que citam a
Pequim antiga. Com 40 mil m2,
ela abriga 1.100 funcionários e
custou o equivalente a R$ 750
milhões, consumidos em mais
de quatro anos de construção.
A nova embaixada será concorrida. No ano passado, concedeu 6.000 vistos por semana
na velha sede.
"Essa obra é uma mensagem
para o mundo de que a relação
dos EUA com a China é a mais
importante relação bilateral do
século 21", disse o embaixador
Clark T. Randt Jr. Nota-se.
Em São Paulo, quem quiser o
visto americano pode esperar
90 dias por uma entrevista. Em
Pequim, 30 dias.
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