São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2008

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CHINA >> RAUL JUSTE LORES

No quintal alheio

NO COQUETEL de inauguração da nova embaixada americana em Pequim, na semana passada, os garçons chineses se vestiram de caubói, com direito a chapéu e botas. A fraternidade do figurino dissimula a desconfiança durante a construção.
O prédio principal foi construído e decorado por operários americanos, trazidos diretamente dos Estados Unidos. Até material de construção foi importado de lá. Os 1.500 operários chineses que trabalharam na construção ergueram os anexos menos sensíveis.
A China fez o mesmo com sua embaixada em Washington, levando centenas de pedreiros chineses para a capital americana - tudo por conta da recíproca suspeita de espionagem. China e EUA, rivais íntimos nos negócios, não quiseram arriscar.
Mas a desconfiança não impediu a deferência que uma superpotência reservou à outra. A embaixada americana é a maior no mundo depois da fortaleza erguida em Bagdá.
É a maior embaixada situada em Pequim e mata as outras representações nacionais de inveja, condenadas em sua maioria a predinhos antiquados cedidos pelo regime comunista e com funcionários impostos pelos anfitriões.
O escritório americano Skidmore, Owings & Merrill projetou os prédios envidraçados com bambu e vielas que citam a Pequim antiga. Com 40 mil m2, ela abriga 1.100 funcionários e custou o equivalente a R$ 750 milhões, consumidos em mais de quatro anos de construção.
A nova embaixada será concorrida. No ano passado, concedeu 6.000 vistos por semana na velha sede.
"Essa obra é uma mensagem para o mundo de que a relação dos EUA com a China é a mais importante relação bilateral do século 21", disse o embaixador Clark T. Randt Jr. Nota-se.
Em São Paulo, quem quiser o visto americano pode esperar 90 dias por uma entrevista. Em Pequim, 30 dias.


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