São Paulo, sábado, 15 de agosto de 2009

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Má fase de estrelas abala Brasil

Doping e retrospecto de Maurren, Murer e Jadel no ano indicam país sem medalha na Alemanha

Somente em três edições do Mundial de atletismo os brasileiros passaram em branco, Stuttgart-93, Edmonton-01 e Helsinki-05

David J. Phillip/Associated Press
A pista do estádio Olímpico de Berlim recebe os últimos cuidados
antes do Mundial de atletismo


JOSÉ EDUARDO MARTINS
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

A seleção brasileira de atletismo luta a partir de hoje para não repetir no Mundial de Berlim os fiascos de Stuttgart-93, Edmonton-01 e Helsinque-05, quando o país não conquistou medalhas e teve poucos representantes nas finais.
Profundamente alterada após os sete recentes casos de doping, a equipe conta com 42 atletas, sendo que seis dos inicialmente convocados tiveram de ser cortados por serem flagrados no antidoping pelo uso de EPO (eritropoietina), mais Lucimar Teodoro, por utilizar o estimulante femproporex.
No início do ano, as expectativas da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) eram as melhores possíveis. Motivada pelo ouro olímpico de Maurren Maggi nos Jogos de Pequim-2008, a entidade projetava a conquista de ao menos duas medalhas no Mundial alemão.
Apesar das dificuldades, a CBAt recusa-se a mudar o discurso otimista. "Possibilidade de alguma medalha o Brasil tem", diz Roberto Gesta de Melo, presidente da confederação.
"Tudo o que foi pedido pelos treinadores foi atendido. O fato negativo [durante a preparação], sem dúvida, foi a descoberta dos casos de doping", completa o dirigente.
No entanto as três principais estrelas do país na modalidade não atravessam uma boa fase.
A campeã olímpica do salto em distância Maurren Maggi, 33, ainda se recupera de uma lesão no joelho direito e não obteve resultados expressivos até aqui nesta temporada.
A melhor marca do ano é da americana Britney Reese, com 7,06 m, obtida no GP de Belém, em maio. No mesmo mês, Maurren estabeleceu seu recorde em 2009, 6,90 m, em Doha -muito abaixo da marca (7,04 m) com a qual chegou ao topo do pódio em Pequim.
Mesmo no segundo lugar do ranking mundial do salto com vara, Fabiana Murer não teve uma boa performance nas últimas competições -o melhor resultado foi o quarto lugar na etapa de Roma da Liga de Ouro.
Último medalhista brasileiro em Mundiais, Jadel Gregório, 27, do salto triplo, também enfrenta dificuldades depois do sexto lugar em Pequim. Prata no Mundial de Osaka-07, ele tem como melhor marca no ano 17,12 m, muito longe de seu recorde sul-americano (17,90 m), conquistado em 2007.
O revezamento masculino, historicamente um dos pontos fortes do atletismo nacional, vive situação crítica após o escândalo de doping. Finalista nas últimas cinco edições de Mundiais, a equipe do 4 x 100 m perdeu os velocistas Bruno Lins e Jorge Célio, além dos técnicos Jayme Netto Jr. e Inaldo Sena, todos envolvidos no caso de dopagem sistemática e previamente suspensos pela CBAt.
"Isso [o quanto o desempenho da equipe foi afetado após os casos de doping] só poderá ser avaliado com o transcorrer das competições", diz Gesta.
O revezamento ficou sob a responsabilidade do treinador Katsuhico Nakaya. No masculino, o time do Brasil foi vice- -campeão mundial em Paris-03, bronze em Sevilha-99 e quarto colocado em Osaka-07.
Para se poupar para o revezamento, Vicente Lenilson, 32, desistiu de disputar os 100 m.


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