São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2011

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Fama assusta mais jovem campeã

SURFE
Havaiana que encerrou hegemonia de Stephanie Gilmore quer servir de inspiração


FERNANDA EZABELLA
ENVIADA ESPECIAL A HUNTINGTON BEACH

A surfista Carissa Moore mal saiu do mar e já foi rodeada por fãs à espera na praia. "Casa comigo", gritou um. "Vou dar seu nome para minha filha", disse outro.
Tamanho auê é novidade na vida da havaiana de 18 anos, a mais jovem atleta a conquistar o título do Circuito Mundial de surfe. "Realmente me sinto especial, abençoada. Às vezes, assusta um pouco, mas não posso reclamar", disse Moore à Folha na etapa final, em Huntington Beach, Califórnia.
"Espero servir de inspiração para mais gente ir surfar e também para criarem mais competições para o surfe feminino", afirmou a atleta.
Moore chegou aos Estados Unidos já consagrada campeã, após pontuação na etapa de Biarritz, na França, no mês passado, quando encerrou o reinado da australiana Stephanie Gilmore, 23, campeã mundial quatro vezes consecutivas.
"Ela [Gilmore] é bem tranquila. Não fica empolgada demais ou abatida demais, é uma pessoa estável. Para ser campeã, é preciso ser assim, focada e estável", disse.
O circuito feminino de surfe começou em fevereiro, na Austrália, e passou pelo Rio de Janeiro, em maio.
Além da emoção de levantar a bandeira do Havaí, sua terra natal, Moore comentou que outro momento inesquecível da temporada aconteceu no Brasil, quando seu pai apareceu para lhe dar um abraço assim que ela saiu da água na bateria final.
"Ele sempre me deixou sozinha para aproveitar o momento, a glória. Mas desta vez ele apareceu para dizer como estava orgulhoso. Foi muito especial", disse. O pai, Chris, é também seu técnico.
Ela começou a pegar onda aos quatro anos em Waikiki. Aos seis, passou a competir pelo Havaí e, aos dez, já dizia ao pai que queria ser "a melhor do mundo". Nos últimos anos, venceu um evento atrás do outro, deixando para trás veteranos de ambos os sexos.
Em 2010, fez sua estreia na elite do surfe, ficou em terceiro no ranking e recebeu o prêmio de caloura do ano.
A relação com o pai-técnico, ela conta, vai bem, mas não sem solavancos.
"Às vezes você leva o treinador para casa e as conversas chegam à mesa do jantar. Mas é ótimo. Quantos pais e filhas podem dizer que já ganharam um mundial juntos?"
A rotina de exercícios é pesada. Num dia normal, quando está em casa, acorda às 5h30, toma café e vai surfar por duas horas na praia de Kewalos, em Honolulu.
Depois, faz mais uma hora e meia de academia antes do almoço, tira uma soneca durante a tarde e, se der tempo, volta para o mar à tarde.
Sacrifícios também são comuns. No ano passado, Moore teve que faltar no baile de sua formatura do colégio porque estava viajando.
"Quando olho para trás, não acredito que deixei de ir, mas você tem que ceder em algumas coisas e aproveitar cada momento", disse a surfista, mexendo na medalhinha da virgem de Guadalupe que usa no pescoço, presente dado por seus avós.

A jornalista FERNANDA EZABELLA se hospedou a convite da Nike


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