São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Parceria "pirata" é rompida

CBF aluga taça do penta, e Fifa intervém em tour

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A taça do mundo não é nossa.
Apesar disso, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) comercializou a imagem do troféu mais cobiçado do planeta sem a autorização do dono, a Fifa.
A máxima entidade do futebol, que não entregará em definitivo a Taça Fifa (como fez com a Jules Rimet), advertiu a CBF, que organiza um tour com o troféu patrocinado por uma empresa concorrente da parceira da Fifa.
A Visa, empresa de cartões de crédito, foi parceira da CBF no tour do troféu pelo Brasil, mas foi forçada a romper seu patrocínio com a entidade presidida por Ricardo Teixeira após a Fifa iniciar uma ação contra a multinacional.
A Fifa Marketing AG entendeu que a Visa estava fazendo o chamado ""marketing de guerrilha". Antes da Copa, empresas já haviam sido acusadas de usar ilegalmente imagens ligadas à Fifa.
Desde a conquista do pentacampeonato pela seleção brasileira, a Taça Fifa, de posse transitória desde que foi colocada em disputa -em 1974-, circula pelo país. Já visitou mais de dez Estados. Como parceira da CBF, a Visa colocou seu nome nos espaços em que o troféu era exposto.
Segundo a entidade presidida pelo suíço Joseph Blatter, a Visa foi advertida, mas não quis inicialmente parar com a promoção, que foi levada ao site da empresa.
A Visa recebeu então uma notificação judicial mostrando que a Fifa movia ação contra a empresa. Só aí a multinacional decidiu não atrelar seu nome à taça.
Segundo a Visa, sua imagem só acabou sendo associada ao troféu porque a CBF ofereceu à empresa a possibilidade do patrocínio.
""Após a vitória do Brasil na Copa, a CBF fez proposta de patrocínio à Visa para apoiar a exposição da taça pelas capitais brasileiras, para que fosse exibida ao público fã do futebol. A Visa aceitou a proposta e divulgou o evento em seu site. Porém em nenhum momento a ação esteve relacionada a qualquer patrocínio da Copa", diz resposta da empresa à Folha.
Acontece que a Taça Fifa é uma marca registrada da Fifa. Sua imagem só pode ser usada por empresas que comprem seus direitos. A MasterCard, concorrente da Visa, teria desembolsado para tanto cerca de US$ 15 milhões.
A Visa alega que tomou conhecimento da irregularidade em seu patrocínio ao tour da taça pela CBF. ""Algum tempo depois [do início do tour", a CBF avisou a Visa que a Fifa não concordava com esse tipo de iniciativa, e a empresa decidiu cancelar imediatamente a ação proposta pela sua então parceira, a CBF", diz a empresa.
A Taça Fifa chegou nos últimos dias a Diamantina (MG). Marco Antônio Teixeira, secretário-geral da CBF, estava encarregado pelo tour do troféu. Ele não foi localizado para falar sobre a intervenção da Fifa na exposição da taça.
A entidade, por meio de sua assessoria, afirma que no momento o tour não é patrocinado.


Texto Anterior: Rival de hoje, Senegal é o mais frágil do grupo
Próximo Texto: Marketing de guerrilha tem campeã
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.