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ATLETISMO
Presidente do comitê viaja a Atenas para convidar o grego que socorreu maratonista brasileiro a visitar o Brasil
COB quer trazer "anjo" de Vanderlei ao país
DA REPORTAGEM LOCAL
A primeira tentativa de viabilizar um aperto de mãos entre Vanderlei Cordeiro de Lima e o homem que o livrou de um agressor
durante a maratona nos Jogos de
Atenas começa a sair do papel.
O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur
Nuzman, desembarca entre hoje e
amanhã na Grécia para acompanhar a Paraolimpíada. Em sua
agenda, um compromisso já está
definido: convidar Polyvios Kossivas para conhecer o Brasil.
O nome é o do senhor de barba
branca que tomou a iniciativa de
auxiliar Vanderlei na tarde do dia
29 de agosto, quando o ex-padre
irlandês Cornelius Horan invadiu
a pista e atrapalhou a performance do brasileiro. Sua identidade
foi revelada ontem pela Folha.
Nuzman explica que, antes da
publicação da reportagem, já tinha planos de procurar pelo espectador que afastou Vanderlei
do ex-sacerdote e, aos berros de
"vai, vai", o incentivou a ficar em
pé e retornar para a disputa.
O atleta estava no 36º dos 42,195
km da maratona quando foi abordado. Era o líder. Depois do incidente, acabou ultrapassado pelo
italiano Stefano Baldini (ouro) e
pelo norte-americano Mebrahtom Keflezighi (prata).
Dirigentes do Brasil dizem que a
história não acabou. Prometem
apelar e tentar buscar a medalha
dourada na Corte de Arbitragem
do Esporte, localizada em Lausanne, na Suíça. É a última instância em julgamentos esportivos.
Para Kossivas, nem é preciso.
"Um dia, espero encontrá-lo e explicar como é grande minha admiração pelo feito que ele conseguiu, contar que respeito sua coragem e força e, finalmente, dizer
que ele é o verdadeiro vencedor
da maratona", contou ele, que
nasceu e vive em Atenas com a
mulher Julia e seus três filhos.
Seu maior desejo é apertar a
mão de Vanderlei, ação que tentou executar no dia seguinte à
competição e não conseguiu.
A idéia do presidente do COB é
tornar essa cena viável em meados de dezembro, quando a entidade promoverá uma cerimônia
para entregar prêmios aos melhores atletas olímpicos da temporada. Vanderlei vai ser um dos homenageados. A data da celebração ainda não está definida.
Mesmo assim, Ricardo D'Angelo, técnico do medalhista olímpico, já comemora o encontro.
"Queremos muito agradecê-lo
pela ajuda esplendorosa", diz.
Kossivas trabalha como vendedor e já demonstrou interesse em
viajar para o Brasil com o intuito
de conhecer o maratonista. Ele
atuou como jogador de basquete
do clube Sporting por nove anos.
Nunca recebeu um prêmio. Mas
conta que sua formação esportiva
foi fundamental para tomar a atitude de ajudar o maratonista.
"Naquele momento, agi por impulso. Só que fui acostumado desde minha época de atleta a servir e
cumprir o "ey agonizestai'", disse.
A expressão usada por Kossivas
deriva da Grécia antiga. Servia para balizar a luta pelo primeiro lugar em modalidades esportivas
baseada em boas maneiras entre
os adversários. Grosso modo, é o
que hoje se chama de "fair play".
"A disputa da maratona olímpica não foi justa. Vi o Vanderlei
perder ao menos 30 segundos
com aquele ataque. Tinha que fazer alguma coisa", lembra.
(GUILHERME ROSEGUINI)
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